quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Elvis Presley - Love Me Tender (Lyrics)



LOVE ME TENDER


Os olhos tinham-se fechado com o peso das pálpebras ensonadas, levando consigo a imagem com que sempre adormeço, o teu rosto.
O tempo era de verão, a lua mentirosa não viajava no meu céu, a brisa trazia-me o cheiro da maresia ali perto, mas também o teu, que me envolvia como bruma escondendo-me desse mundo falso, onde todos vivemos.
Meus olhos procuravam preocupados a tua estrela, o teu sol, mas por mais que me esticasse, mesmo pondo-me em bicos de pés não a conseguia alcançar.
Aflito corri a praia de lés a lés, talvez mais ali eu a pudesse agarrar e já desesperado perguntei à onda vazada se tinha visto ou escutado nesse mar a tua estrela, o teu nome amado, mas rolando de volta virou-me as costas e deixou-me na areia a espuma da sua raiva.
Virei-me para o norte, escutando a voz desse vento, ouvindo o seu lamento triste e o seu desespero, que fazia vergar de dor as árvores gigantescas.
Nada tinha para me dar para me dizer, pois ele era perdição e destruição.
Caí de joelhos nesse chão falso, que muda constantemente, consoante o vento, consoante o mar e as areias gemeram, sob o peso do meu pesar.
Quis gritar para quebrar o pesadelo, mas a voz não saiu e em vez dela senti-me a chorar, mas as lágrimas não corriam, este rio já secara há muito e a alma ofendida, queria dar largas à sua inconformada condição e desenhou, traçou e sombreou no meu sonho esses traços belos, que por serem singelos um dia amei e por eles fui amado.
Agora era tudo silêncio ao redor, as sombras já não dançavam suas ilusões, eu tinha-te mais uma vez no meu sonho e aí nem a morte, nem a vida, podiam escrever outro guião.
Ai eramos nós os escritores, eramos nós os narradores, eramos nós os actores e a cena começou com o cair da ilusão e o erguer da fantasia, da fé e da esperança.
Dei-te a minha mão, puxando-a para mim. Beijei esses dedos finos e elegantes que um dia percorreram o meu rosto, me afagaram a pele suada e salgada, me arrancaram pele ensanguentada, no desespero ávido do cume orgasmico.
Rodei-te a cintura com os braços da ternura e dançamos colados a nossa canção "Love Me Tender"
As notas foram solfejadas com frémitos de emoção em cada rodopio, em cada calafrio e aí chegou langorosamente o beijo aos meus lábios túmidos e sedentos.
Oh! doce recordação, trazendo-me de novo ao sonho, este desejo louco como cavalo à solta, galopando nos peitos, saltando todas as barreiras e levando-me do teu leito, até à tua estrela, até ao teu sol, que me abrasava por direito todo o meu corpo dado.
Vivi contigo nesse Céu que era teu e meu e as nuvens passantes recolheram o nosso amor, embalando-o no vento norte, que agora de mansinho sussurrava, ecoando nossas promessas de ali vivermos eternamente.
Um dia haverá mais uma estrela nesse céu e terá o meu nome escrito mesmo ao lado do teu, porque a felicidade não se vive só neste mundo, vive-se também no poder do sonho, na doçura da fantasia, naquilo em que acreditamos, na fé com que nos entregamos, na força com que nos unimos,na esperança de um novo encontro, que estará muito, mas mesmo muito para além desse negro que tememos, e a que chamamos morte.


jorge d'alte

domingo, 21 de novembro de 2010

FILHOS!


Estou só sentado no chão do meu quarto. As sombras dançam à minha volta sua dança transformativa naquilo que a ilusão dos olhos quer que vejamos.
Lanço meus olhos aos céus procurando as estrelas sempre a apagarem-se a cada segundo meu, e a tristeza invade-me profundamente, transforma o meu corpo, dilacera o meu rosto e a dor aparece como chama ardendo bem cá dentro, devorando o meu amor por esses tantos que aos poucos se apagaram.
Meus lábios murmuram roucos e perdidos, na raiva seca que faz arder os meus olhos, perguntando simplesmente:
"Porquê meu Deus?"
Tanta gente a sofrer, onde há poucos segundos era alegria, tanta gente apertando a vida nos seus dedos brancos, cada vez mais gélidos, na vã tentativa que ela não se vá.
As recordações já não chegam para matar saudades, pois correm como imagens sem vida e sem som, como filme mudo onde interpretamos tudo pelo gesto e movimento.
Já não sinto o perfume desses tempos, desses corpos, o carinho desses rostos, o amor danado que era fulgurante vida, já não consigo escutar essas vozes queridas, essas promessas prometidas,o vosso cantar.
Porquê meu Deus?
Porque tem a vida de ser assim, porque nos impuseste esse jogo de roleta?
Não tenho medo dessa morte, não tenho medo dessa partida, apenas não quero sobreviver aos outros, ficar perdido no tempo que já não é meu, não ter esse abraço quente que me faz sorrir.
A luz acende-se na voz querida que me apela.
Pai!
Não limpo os meus olhos, não componho o meu rosto, não te imploro meu Deus, não quero nada de ti, apenas este som me fez sorrir...
O corpo alquebrado, sobre o peso da tristeza, ergue-se a custo deste chão, a vida continua para lá da escuridão e o meu amor é resposta:
Já vou minha filha!
E lá vou no meu sorriso... no meio da sua alegria...


Jorge d'alte

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O PERFUME


Muitas vezes o perfume atrai-nos envolvendo-nos na sua fragância e nós lá vamos levados nessa onda quando a verdadeira essência está no coração.
O perfume faz-se de pequenas coisas que juntas se engrandecem tornando-se em algo novo que nos atrai e conquista.
Assim é o amor onde tudo começa do nada e aos poucos vai-se fortalecendo vai-se moldando e as fragrâncias que lhe dão sentido se vão juntando enobrecendo revigorando, renovando e no final são a essência bela que fica perfumando o nosso coração.




jorge d'alte