quinta-feira, 28 de março de 2013

O tempo  parou, quando a vontade definhou na preguiça e os dedos chateados reclamaram fazendo crescer unhas de raiva que impediram o normal teclar......

Os sonhos esses viviam incendidos.  Tinham partido para longínquas terras onde na outrora fizéramos história. Acoitei-me nesses países de sonhos milenares onde a língua falada é um enigma, é  música doce bichigando-me aos ouvidos.....

As vestes envolviam roladas de tons berrantes um corpo esbelto e bulimíco de longos cabelos escuros que caiam desfalecidos em ombros de cobre. Os olhos doces sorriam brilhantes diante da minha cara de nabo, pois ainda não induzira que o sorriso estava ali por mim e para mim.....os olhos vieram ter comigo na ponta de dedos longos e suaves que me tocaram na pele da face fazendo-me estremecer e inoculando-me o veneno da luxuria.....Eram lábios rubros que me sufocaram na minha estacticidade. A voz cantarolou uma frase sorrindo-me por entre dentes alvos de marfim....Porra! que disse a minha voz? Anuiu abanando a cabeça como os burros sem imaginar o que lhe tinha sido perguntado......O copo que a mão segurava jazia pousado com liquido balouçante na ponta do balcão do bar.....

A água feita de ondinhas lambia os corpos despojados como Adão e Eva naquele paraíso de perdição....não havia maçã  mas a serpente sibilava no meu ouvido uma musica tão antiga  tão cheia de incompreensão mas tão real como as mãos sedentas que se exploravam  nos recônditos dos corpos....

Era a lua que iluminava a cena num outro cenário, e não o candeeiro torto que calara a sua luz.......espreitava na varanda de sacada onde estávamos .....espera ....o sonho tremera como pavio cuja luz afrouxara com a súbita brisa que se levantara.....não ainda não.....

Caminhava solitário como tantas vezes acontecera. As esquinas sucediam-se a cada remexer e eram ruas estreitas que as dobravam e seguravam os meus passos desabridos.....o beco parou o meu olhar....Não tinha saída no encurralar da alma.... só os pensamentos acorriam frenéticos e mergulhavam à vontade dentro dela.....

O sonho desfazia-se em mil pontinhas de raios de luz fazendo as pálpebras estremecer contra a vontade do sonho.....ali estava eu tão nu como a nudez  numa cama desfeita e suada, envolvido num aromático cheiro de jasmim.....
Ao meu lado marcado nos alvos lençóis a saudade deixara o seu odor, as marcas suadas do seu corpo, a brisa do seu partir.....
Afaguei com meiguice esse espaço vazio que tivera vida tentando que o sonho se repetisse vezes sem conta nos segundos em que a felicidade me colhera .....
O sol entrava a rodo pela porta de sacada escancarada ...na contra luz ela caminhava para mim.....


jorge d'alte