segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Porta bateu!


A porta bateu!
Não era a despedida que dizia adeus, mas sim a entrada que dizia bom-dia.
E realmente era um bom dia, pois com o seu sorriso brilhando, ofuscava qualquer tristeza.
Sem dizer palavra beijou a minha testa, deu-me uma carinhosa palmada na face e com olhos matreiros comia agora o pequeno almoço, olhando abertamente só para mim.
Tinha a idade que tinha, mas um coração lindo de bradar e sabia perfeitamente até onde queria chegar.
Eu era o fruto proibido!
Era pronuncio de uma guerra de vontades.
A mesma luta que já traváramos antes mas apenas em pequenas escaramuças.
Agora era a sério a luta era desejo!
O seu olhar falava-me ao coração
Aquele olhar sorrindo tomava-me de emoção e fremente desejo.
Tentei escapar com uma palavra que me foi arrancada descaradamente com um beijo.
Estavam abertas as hostilidades!
Tentei contra atacar afastando-a suavemente, pondo aquela cara feia de quem se encontra desagradado e vai daí, contrapondo ela ferra-me a orelha segredando-me.
Aí palavras lindas que me moem a alma!
Mas não dando o braço a torcer, chamei-lhe menina feia, empurrando-a com suave brutalidade, pois ela era Eva tentando-me com a velha maçã da luxúria.
Não perdendo o sorriso, deixando-se cair de costas e agarrando-me com paixão, jogou o ataque mais velho do mundo, agarrou-me a alma beijando-me de novo com toda a calma, todo o seu ardor, rodando sobre si, era ela agora que se impunha na situação sobre mim, rindo-se em roucas gargalhadas sedutoras, movendo-se eróticamente, fascinante em cada gesto seu.
Fui derrotado, fui escravizado e agora espero numa muda interrogação, que o seu sorriso cavalgue de novo sobre mim e me leve por esses prados belos e ondulados pela brisa da emoção sem fim e me dê de novo aquilo, que por não querer lutei, por ser contra vontade sofri, mas que no final amei.

jorge d'alte

sábado, 21 de agosto de 2010

ERA





Era Agosto e a lua cheia provocava lá no alto, rechonchuda, altaneira e bela, vestida com trajes de luar, que se derramava em cascatas de alvas pérolas, sobre aqueles que se amavam.
Dois seres sorriam!
Tinham os seus motivos para se alegrarem, pois os corações, quais cavalos à solta venciam a distância, empurrando os lábios sedentos de luxúria, num encontro de sentidos: sedução, emoção e desejo.
E assim, enquanto a lua passava e se escondia, o doce abraço aconteceu, as bocas se uniram abertas em línguas que se tocaram enrodilhadas, e o frémito percorreu célere os corpos trémulos e excitados, e as mãos inquietas percorreram pontos igneos, fontes de fogo, lendo como Braille palavras que estavam lá, e o mundo esvaziou no crescer do orgasmo que aos poucos langorosamente se esvaneceu.
As mãos dadas juraram esse amor que seria eterno.
Os lábios húmidos selaram essas promessas que fizeram, e os dias foram-se sucedendo às noites, as noites iluminaram-se na união, e esta trouxe a felicidade.
Pelo caminho ficou a juventude, no meio de fraldas e chupetas, e o outono cresce agora em dias cada vez mais curtos, onde a lua esmorece ultrapassada pelas nuvens do passado, levando o seu luar brilhante para as memórias, deixando ficar lado a lado na cama dois seres que se amam.
Tu e Eu!

jorge d'alte

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

FÈRIAS


ÓLá!

Queria agradecer a todos os que me têm acompanhado neste blog e no thesoul_feelings_dreams.blogs.sapo.pt/ e também pelos lindos posts que tenho lido nos vossos que me têm encantado e penso eu trazido novas amizades.

Durante este mês poucas oportunidades tive de estar aqui mas vou fazer os possiveis por voltar no entanto se quiserem ler outros posts mais antigos e deixar os vossos comentários quando chegar retribuirei.

Obrigados e muita amizade e que as vossas férias sejam tão boas como aquelas que tenho gozado.

jorge d'alte

domingo, 15 de agosto de 2010

O aperto suave do teu beijo

Longe vão os tempos de menino e moço.
Tempos onde a incerteza era a certeza do momento e as aventuras sucediam-se nos laivos da loucura e da inconsciência. Era a juventude plena de vontades, de aprender e errar, crescendo e formando-se, ilustrando no rosto de alma sucessivas cores de sentimentos, que pouco a pouco formaram a minha personalidade.

Hoje nos sonhos revejo partes da vida que julgara esquecidas no blôr do tempo intemporal e cruel.

“Passos que nunca mais escutei, soam solitários na penumbra do sonho, caminhando como sempre caminharam, de uma forma decidida e franca trazendo na alvura do sorriso, o calor do ser belo que foras.
Os teus braços trouxeram-me o aperto suave do teu beijo em lábios róseos ou de carmim, ateando um fogo delirado, ganancioso e singelo que absorvia todo o meu sentir, dando-me na troca por excesso o teu calor, o teu desejo, a loucura de quem sente e ama até ao fim.
As tuas mãos níveas apertam as minhas douradas e rudes, descem depois ternurentas em estradas de carinhos, falando ao meu coração com o poder da sugestão, levando-me a sorrir uma vez mais, mesmo quando este bater chora em sulcos rugosos de angústia tristeza e saudade.
Foi mais uma visita que me fizeste desde aquele dia em que balbuciando me disseram que morreras.
Agora o sonho cresce nos campos verdes, nos trigais ondulantes do tempo trazendo-me nas brisas, as tuas gargalhadas francas e roucas, divertidas e loucas, palavras soltas que somavam frases como “ agora não” enganando ao mesmo tempo o desejo, tornando-o real e premente numa troca rápida de beijo.
A lua que sempre nos acompanhou e agora sorri neste sonho descarada risonha e brilhante de expectativa, definhando depois triste quando não conseguiu nada, pois ELA como enguia provocava e fugia, num jogo erótico de tensão sem remissão, lançando-me contra a luxúria numa louca cavalgada qual cruzado correndo nos areais infiéis, lutando contra a emoção do desejo, caindo invencível pela sua amada, neste imenso pântano de sentires que é o amor.
As pálpebras esbracejam lutando para se abrirem, tentando destronar-me deste sonho do qual não quero sair, mas a luz ruim e chata clama por mim e com toda a lata acorda-me por fim, fazendo-me encarar mais uma vez a atroz realidade de que te perdi, não para sempre porque sinto na minha pele e bem cá dentro, que um dia nos uniremos numa áurea etérea de luz celestial e então aí nesse cosmos intemporal, nos amaremos de verdade, porque não morreste para mim, apenas partiste mais cedo, tomando esse comboio desconhecido que te levou no espaço do tempo, mas um dia na estação prevista estarás ali sorrindo para mim trazendo-me o aperto suave do teu beijo em lábios róseos ou de carmim, beijo longo e eterno, sem fim”.


Jorge d’alte

domingo, 1 de agosto de 2010

O meu jardim

Hoje no meu trono de pedra desci até ao fogo do meu intimo.
Sempre fui o jardineiro deste jardim, sempre tratei dele, arrancando as suas ervas daninhas, podando como artista dando-lhe uma forma, como deus dando-lhe vida, como homem vivendo nele.
De certa forma consegui mantê-lo estável.
Como tudo no universo os mundos giram e mudam e assim também este jardim se foi modificando com os tempos.
Começou de pequenino apenas com três flores despontando. A vontade de aprender,a força do amor e o sonho de poder sonhar.
Plantei depois flores mais coloridas, mais fortes mais decididas e então fertilizei neste jardim a humildade do saber, a curiosidade das coisas a primeira amizade selada com a força do sangue o amor e todos os seus tons e no sonho tracei o meu rumo que fui consolidando com o tempo.
Com pesticidas caseiros e na solidão intemporal tratei das minhas doenças, como a dor, a tristeza a saudade.
Da alegria fiz fortificante para a vida e com o sorriso venci os seus fantasmas devolvendo a este jardim a tónica calma que sempre me pautou.
Agora introduzi novas flores neste jardim.
Novos amigos entraram na minha vida frutos das tecnologias, são chamados os virtuais.
A principio não lhes dei muita atenção, mas agora aqui no meu trono sinto-os como parte de mim um novo canteiro cada vez mais lindo cada vez mais importante no meu jardim e por isso tento compreender como tratá-lo.
Um dia uma "amiga" disse-me que não acreditava neste tipo de amizade. Após alguma luta eu apenas lhe disse que a amizade é provada com actos e se algum dia necessitasse eu a ajudaria.
Assim aconteceu e eu fui ajuda enquanto necessitou. Acho que acreditou!
Depois disso outros apareceram e tenho dado o meu melhor...mas a questão que ponho a mim mesmo é se estou a lidar bem com estas novas plantas se realmente posso tratar delas e que tipo de fertilizantes devo usar.
Tenho usado vários:
A sinceridade
O escutar
A compreenção
O carinho e a ternura
A minha força
A minha sabedoria
A minha atenção
Numa palavra dei-lhes a minha alma.
Agora que já me esclareci, digam-me se estou no caminho certo se há mais tratamentos que possa introduzir para tornar o meu jardim cada vez mais belo e importante que me traga o sabor de quem soube que este sonho se podia realizar.

Jorge d'alte ( dedicado a todos os meus amigos virtuais, em especial SARA, JO,Sarinhass, Clara,NTwilighter, Suh, e tantos outros)
A todos um grande obrigado