quinta-feira, 29 de agosto de 2013




As gaivotas cresceram trazendo nos bicos as pontas da madrugada.
O véu da alvorada caiu em ondas de sol e as nuvens outrora negras, alegravam esse céu agora azul como bolas de algodão macias velejando no vento soprado, restos da minha voz que um dia gritara.

Chuvas de dor imensa caíram sobre mim nesse momento atroz, como agulhas espetando cada vez mais fundo e mais dolorosas.
O sol queimava como a saudade que tenho cá por dentro em cada célula em cada rio de sangue. Julguei que seria fácil encontrá-la e removê-la com um simples click, mas a safada diluiu-se por ali e veio rápida morder-me na mente ficando por ali refastelada e mordente…..

Esta fora a outrora dos dias em que me arrastei por becos e calçadas, ravinas e planícies, em desertos gelados sem areias quentes, em abismos de silêncios perenes, sempre com teu nome invocado…..
Em que fiquei esmagado como insecto pelo peso da magoa que carrego, em que fiquei despido de todos os sentimentos embrutecidos pela dor que dói e não vai.....
Doces foram as drogas que tomei no esquecimento, como sorrir chorando, como caminhando sem ir, como sonhando sem sonhos, como abraçando formas de ti por entre fumos de tabaco, por entre risos idiotas, por entre danças sem musica, gargalhadas sem ecos, por entre beijos sem gemidos, por entre sabores sem sal de suores de feromonas, por....sei lá!

Agora que o fim veio para ficar num filme de vida sem replay, o sorriso cava meu rosto  iluminando-o com a miragem de ti neste deserto sem sopro de vida…..
Para lá do ultimo sopro estás tu,como sempre, bela na juventude que sempre tiveste,  enquanto a minha velhice me definhava em lagos de dores, em rios de raivas, em abismos de inconformismo, em mares de eterna saudade….
Por fim juntos estaremos para sempre vogando como cisnes celestiais na eternidade dos tempos, em lábios colados, em línguas de fogos estradelejantes, em laços de nós apertados como abraços em peles suadas com carinho, com os perfumes da luxúria, em êxtases para lá do tudo e do nada, num mundo que é e sempre será só nosso……






Jorge d’alte

(Fotos retiradas da internet)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O LUGAR VAZIO


O lugar vazio vivia ali mesmo defronte

Ele estava sentado olhando para nenhures

Os olhos brilharam clareados por pingas de fogo, flamulas de  dor....Ó Meu Deus eram como ferida aberta dilacerante e fervente!

No outro lado da alva toalha de mesa a flor sorria de pétalas abertas triste e solitária.






A tristeza era musica sem notas, choros suplicantes no silencio, gritos de solidão dormente um aí de profunda mágoa que teimava em não se soltar.




O copo meio cheio brilhava sanguíneo esquecido no meio da dor...já não aquecia a alma dele nos tragos sorvidos como alfinetadas para o esquecimento.

No prato esquadrado na sua forma o bife mal passado esperava e desesperava rodeado de dourados fritos de batata. No cimo como olho arregalado o ovo vigiava o apetite que tardava.....

Era meia noite nas badaladas sonora do relógio de capela....A mão moveu-se sozinha pegou no copo reluzente de revolto néctar levando-o ao alto atingindo o céu que é teu...

A voz sofrida soluçou "até sempre" e caiu mergulhando na dor que ficou......


Jorge d'alte





domingo, 4 de agosto de 2013













Os pinheiros agulhados de braços abertos e erguidos para o céu, na vanglória desumana de alcançarem Deus......
As raízes profundas investem pela terra apertada de secura prendendo-os como âncoras ás coisas terrenas até que um dia numa qualquer fatal madrugada, a força do machado cairá sem remissão e livre então erguer-se-à aos céus de Deus  como évolos de fumo perfumado...





  Jorge d'alte