quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ghosts



Só na solidão do meu quarto evoco os meus fantasmas, recordo esses momentos que pretendi esquecer e eles se erguem de novo palpitantes evolando no meu ar tecendo teorias do "SE" do "PORQUÊ" que se entranham na minha alma em milhentas duvidas. O chão eleva-se no ar em retorcidos como os seus murmùrios e lá ficam nesse vogar pois se não são feitos de certezas também não são a incerteza e assim sem destino pairam entre o consciente e o inconsciente sem lugar na realidade pois foram fim no passado e fantasmas no meu presente.

jorge d'alte (Tela em óleo pintada pelo autor.O chão foi de propósito retorcido)

domingo, 25 de julho de 2010

Vampira


Sou filha de uma Lua Nova
Gosto de noites bem escuras
por entre as sombras bravias
o meu ciclo sempre se renova
Teço lá as minhas aventuras
procuro o sangue pelas vias
mordo com toda a doçura
Sugo voraz este mel da vida
traindo a humanidade sem dó
depois fico ali quieta e saciada
sentindo em mim esta loucura
sentindo-me como alma perdida
na demanda vã desta caçada
Se não mordo torno-me em pó
alma morta no tempo esquecida
Assim viajo no tempo milenar
amando aquele que vou matar
Sentimentos fortes nunca sentira
nesta alma danada e só de vampira

jorge d' alte

terça-feira, 20 de julho de 2010

Vampiro


Na arvore no seu topo
entre ramos e perfumes
encho fasto o meu copo
com aromas e costumes
Assim espero o humano
que desprevenido passe
Solto meu instinto insano
corro como se derrapasse
na curva do meu destino
Aproximo-me suave devagar
a boca salivando de felino
dentes crescidos vou cravar
nesse pescoço liso e fino
Em pânico me olha esse rosto
que me faz travar de repente
olhos fascinantes a meu gosto
lindos puros muito diferente
Meu coração parou e tropeçou
ai que fazer o que me deu?
sou vampiro que se enfeitiçou
E no final o caçado fui eu

jorge d'alte

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Uma história de verdade ou a verdade da história


A manhã estava límpida e fresca.
A brisa soprava dos lados do norte arrepiando-nos a pele trazendo as alvoradas de um outono precoce. As arvores dançavam num abanar ritmado e murmuravam a estranha melodia que trás a melancolia dos dias passados outrora luzidios e simples agora cada vez mais complicados.
Sentada na fluvial praia perdida nos sonhos ela carpia um amor que se escapara por entre os dedos como magia num estalar.
Amavam-se desde pequenos. Segundo se lembrava beijara-o aos seis anos quando entrara para a escola como um selar de algo muito forte que não compreendiam.
Ainda sentia aquela sensação...estranho... como fora tão belo tão desprendido tão cheio de simplicidade tão cheio de inocência. Esse sim fora o beijo de uma vida.
Quantos se seguiram? Cada um mais forte cada um mais profundo até que um dia esse beijo foi desejo e foi bom. Como esquecer esse dia em que fora moça e mulher?
Agora por detrás das lágrimas que teimavam em assomar aos seus doridos olhos ela via-o pela primeira vez como perda e isso rasgava-lhe a alma dilacerando-a com a dor que não se ia.
A pergunta era porquê agora?
Tinham passado juntos 15 anos das suas vidas conheciam-se como ninguém e agora que os sonhos se iam concretizando e as suas vidas eram harmonia tudo fora engolido como brecha aberta por um tremor de terra que abalara e de que maneira o seu dia a dia.
Ele partira um dia sem dizer nada! Para onde não sabia apenas a deixara nessa noite com um simples beijo de despedida e um até amanhã gatinha.
No dia seguinte desaparecera sem nada dizer a ninguém levando consigo o seu encanto o seu sorriso o seu perfume.
Ela sabia que ele a amava que ela era toda a sua vida...então porquê esta atitude?
ELE abrira os olhos desfocados. Rodara-os em volta. Onde estaria!
Aos poucos o torpor fora desaparecendo. Um mundo branco rodeava-o. Não era o céu não! Ouvia o zumbido de maquinaria e via tubos que penetravam na sua carne na sua boca...
Hospital! estou num hospital gritou a sua alma em desespero. Que lhe acontecera! Lembrava-se de ter partido para a cidade a pé levando no pensamento comprar uma prenda para ela.
Ai que seria dela?
Saberia que ele estava ali? E a sua tia onde estava? Ela era toda a sua familia e tratara dele desde que os pais e avós tinha morrido num desastre deixando-o só na vida até que um dia aparecera na instituição que o acolhera uma pessoa dizendo ser sua tia avó que o levara e tratara e lhe dera uma vida envolta em amor.
Não se lembrava de nada do que lhe acontecera e porque estava ali.
A porta abriu-se devagar uma figura de branco interpelou-o perguntando-lhe o nome se sabia quem era e onde morava. Logo a seguir a dar as correctas informações entrara outra pessoa. Era um médico de certeza pois fez-lhe vários testes ao mesmo tempo que lhe dizia " ora meu rapaz está tudo bem contigo agora. Encontraram-te caido sem sentidos na berma da estrada e como não tinhas documentos nem nada e tinhas a cabeça rachada pensamos que foste agredido e roubado". Se tiveres nº de telefone podemos avisar os teus pais para te virem buscar. Ah mas só mais tarde. Passaste aqui dois dias muito maus mas agora o pior já passou e o máximo amanhã já terás alta. Agora vais tomar este comprimido e daqui a pouco estarás a dormir como um santo.
Aos poucos os olhos fecharam-se levando na retina o rosto dela e o seu sorriso adormeceu como por encanto.
Os olhos piscaram e preguiçosos abriram-se devagar.
O rosto com que adormecera ainda ali estava só que agora havia lágrimas que corriam e algo lhe apertava as mãos.
Ai doce visão não te vás... não te escondas nos meus sonhos...Mas o rosto brilhava agora como o sol de verão e o sorriso enchia-o de um encanto tão grande que ele nem pestanejou com medo que tudo se esvaísse como fumo no ar.
Mas não agora eram lábios que tocavam os seus lhe insuflavam novo ar e ânimo lhe traziam a paz... e o seu rosto chorou.
Outra voz pigarreou comovida. O novo rosto surgiu enrugado de tanta vida e a sua velha tia estendeu sua mão rugosa e calejada e com uma simples carícia tocou por dentro a sua alma iluminando-a enchendo-a com uma ternura nunca sentida.
As duas pessoas que mais amavam estavam ali juntas num só sentir "amor" diferentes claro mas cada um mais profundo mais sentido mais acolhedor...

O amor é isto uma história feita ao longo da vida e que nos acompanha até ao último sopro.
Pode ser vivido de muitas formas pode-se degenerar pelas circunstâncias e ser ódio ou paixão mas nunca deixa de ser "AMOR"
É feito de Esperança Fé Saudade Duvida Tristeza Alegria Luta na ponta da nossa Vontade, mas sobretudo é feito do fogo da ALMA.

jorge d'alte (dedicado a todos aqueles que sabem o que é amor e o que é amar)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Porquê

Porque gosto de ti?
- Um dia quando estávamos sentados o nosso café entre conversas animadas, entre risinhos abafados de meninas dei comigo a pensar como o teu sorriso era lindo, como me prendia o olhar, por isso disse pequenas coisas que te faziam sorrir assim como aos outros, mas para mim só o teu começou a contar. Cá dentro algo nascera sem eu saber, pois o que eu queria mesmo era gozar a vida da melhor maneira e assim se passaram dias.No entanto os meus sonhos eram povoados com pequenos bocados de ti e isso fez-me pensar.
Assim ontem na penumbra de um novo dia eu dediquei o meu tempo a pensar e vi o que até agora ainda não vira"gostava de ti".
Revi de novo a confusão que bailava no meu coração, entre sentimentos avassaladores que sufocavam a minha mente, entre sorrisos de esperança, duvidas...
- porra tanta coisa para algo tão puro e simples dizia a minha alma.
No entanto nada é tão simples pois a decisão é sempre complexa que exije perguntas concretas e respostas certas e saber.
E aqui está a tua pergunta que tantas vezes me fiz e cuja resposta sei e não sei porque não há palavras para definir. Por outro lado há o sentir e aí sim sei que gosto de ti!
Porquê?
Porque quando te vejo o mundo pára, porque quando sorris a vida começa, porque quando me abraças somos um mundo de emocões, porque quando me beijas és desejo és paz, porque quando me murmuras és brisa doce que me acaricia,porque quando me tocas a pele fervilha, porque quando dizes que me amas somos fogo, vulcão activo, lava ardente, porque...
Sim porque te AMO e não concebo uma vida sem ti!
Porq...
Neste momento a lua sorri!
Porquê?

O teu beijo abafou a resposta, abalou o meu mundo, trouxe o desejo que ardeu que se calou bem no intimo dos nossos seres.
Mais?
A história começou não teve o tal "The End" pois continuou


jorge d'alte

terça-feira, 6 de julho de 2010

Amiga!


Ontem nadei contigo a meu lado.
Cortamos as ondas e dividimos a espuma e ficamos sentados nesse fundo vendo os nossos sentimentos como bolhinhas subirem até à tona onde rebentavam espalhando-se no que nos rodeava.
Tudo começou na crista do sonho quando a alma adormeçe e nada a acorda.
Aí a verdade somos nós que a fazemos criando como génio a perfeição. Tu és como eu queria e eu sou como tu me queres e o sonho "pink" começa.
Neste nadar lado a lado pudemos interiorizar que o valor da amizade que nos une é muito mais que um simples sonho ou teclar.
De certa forma compreendemo-nos temos o nosso espaço as nossas diferenças os nossos cantos de refugio mas as palavras fazem frases que se transformam em idéias mensagens ajuda e aí nos revemos dando ânimo ao nosso sentimento e tudo o que dizemos ou fazemos é em prol daqueles de quem gostamos. Damos sem pedir pois sabemos que se um dia necessitar-mos eles também lá estarão conosco.
Agora numa última braçada as mãos se deram apertadas formaram neste mar imenso um elo onde as ondas que batem se quebram compreendendo que enquanto estiverem unidas nada mesmo nada conseguirá separá-las e destruí-las.

jorge d'Alte

domingo, 4 de julho de 2010

Droga!


Seu corpo deslizava na brisa do norte descendo o areal na direção da água salgada onde as ondas espaçadas batiam na areia murmurando seu nome clamando por ela.
Era belo e tostado pelo sol e amado por olhares que se perdiam em sonhos,em ciúmes, em amores.
O tempo parara para nós que como peixinhos tótós rodeávamos a sua áurea pela míngua de um seu olhar, de um sorriso de um acenar.
Era a nossa juventude a falar onde não há imponderáveis onde tudo se pode tornar realidade, basta apenas ter a força do sonhar.
Ela era a menina da moda rica sensual e bela e os nossos corações só batiam por ela.
No meio caminho seus dedos gentis puxaram o atilho e desvendaram mais um capitulo do nosso sonho.
Nua e ofegante entrou na água fria e sussurrante mergulhando até às profundezas desse outro mundo lavando dos nossos olhares essa visão libidinosa que fizera ferver o nosso sangue, nos injetara o desejo e nos matava de emoção.
Triste sina a dela, porque apesar de ser muito bela, não teve o tino para escolher a sua rota e foi corroída por essa praga que depois de injetada a levou a outros mundos onde o inferno é o seu sonho onde a paz é o seu fim.
Vi-a outro dia!
As lágrimas assomaram aos meus olhos.
Era a antítese da beleza,definhada e desmazelada marcada pelas agruras correndo de mão estendida para as pessoas que receando se afastavam suplicando por uma moedinha para depois se ir injetar e partir para outra...

jorgito (Desenho feito e pintado pelo autor)

O beijo

Os olhos fecham-se devagar
Os lábios aproximam-se tocando-se
Nos olhos fechados uma luzinha veio para ficar
De novo vêm os lábios encantando-se
que se esmagam num carrossel de emoções
Os corpos agora girados e abraçados
são pequenos nós atados
cheios de ligações
As línguas se abraçam numa disputa
e os sentimentos preparam-se na alma para essa luta
Como balões sobem, sobem e rebentam
cada vez mais alto, cada vez mais loucos
e a loucura apodera-se em soluços roucos
em canções que os lábios inventam
e de repente
num clímax diferente
os corpos são paz depois da dor
e nos semblantes
agora em cores brilhantes
se escreve devagar a palavra "amor"

jorge d'alte

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O primeiro amor


O meu sorriso abriu-se num imenso leque branco.
O seu chamar cristalino abria caminho no silencio da madrugada batendo na minha janela como pancadinhas nervosas de expectativa.
Graça saltava numa tentativa ingénua de lançar mais alto a sua voz agora envolta em impaciência.
Os seus treze anos delgados e altos recortavam-se na penumbra do alvorecer numa forma atraente e bela.Os seus cabelos longos abraçavam o seu rosto caindo desafinados pelos saltos nos seus lindos ombros tisnados.
De cara trigueira e morena de tanto sol olhava-me possessa com seus enormes olhos esverdeados.
-Vê lá se acordas
-Então vamos ou não vamos até ao campo!
-O nascer do sol já despontou e vamos perdê-lo mais uma vez!
Ai minha vida já vou, e lá fui vestindo as calças e correndo escadas abaixo vestindo e apertando a camisa.
Como furacão de quinze anos saí pelo portão dando-lhe a mão ao passar e correndo puxando por ela que gargalhava feliz,descemos a rua entrando na mata que nos conduziria até ao imenso prado onde o gado pastava calmamente.
No recanto aconchegado junto aos brejos e choupos que bordejavam o ribeiro sentamo-nos na enorme lage dependurada sobre a cachoeira endiabrada por onde a água desvairada corria e mergulhava os cinco metros até que em grandes salpicos acalmava e deslizava como cisne prateado por entre a verde relva.
De olhos focados no distante começamos a ver delineado por de trás das colinas e casario a enorme bola de fogo que lançando seus raios indiscriminados ia acordando a vida e num instante iluminou os céus na sua grandiosidade.
Olhei para a minha companheira que apertava forte com a sua mão a minha como se tivesse medo que eu partisse também seguindo outro sol.
Olhou-me com tal meiguice nuns olhos cheios de amor que me emocionou e nesse momento soube que esse erguer do sol trouxera uma nova era ao meu coração.
O amor sincero despontara dentro de mim pela primeira vez.

jorge d'alte 1.07.10