sexta-feira, 18 de abril de 2014









Sinto tanto frio! Eu sofro tanto neste vazio que sinto cá dentro e no entanto compreendo o meu destino, pois vivi um amor como ninguém e tê-lo-ei de volta no fim dos dias, no começo da eternidade, embora sonhos ruins me consumam na noite, quando te desenho nas sombras e tu vives nos meus olhos num sonho acordado. Há muito que vaguei-o pela noite solitário, onde tudo é escuro, pelo menos deste lado…e tu, amor onde estás agora? Por mais que olhe e te procure no nosso céu, não te vejo e não te ouço, mas sinto-te embrulhada na saudade que me acomete cada vez mais espaçadamente…será isto o que me contaste no teu fim? Que o tempo te levaria na bruma e que quando ela desaparecesse outro rosto estaria ali à minha espera para me dar nesta vida a felicidade truncada que não me pudeste dar? Sinto tanto frio e a alma morre na míngua sem a tua seiva para me animar…Abre-me a tua janela amor! Deixa cair o teu sorriso sobre mim como raios dourados de amor; faz com que os meus olhos cansados e secos chorem a nossa alegria de novo…ou então deixa-me entrar por ela para te poder abraçar para sempre…




Jorge d'Alte

(Excerto de parte do meu ultimo livro)

quarta-feira, 2 de abril de 2014




Finalmente a chuva morreu, talvez cansada de tanto bater nas vidraças.

O sol apoderou-se da minha alma vestido de pele dourada e cabelos de ouro. Os olhos verdes tinham-me levado até à praia onde nos encontrávamos emaranhados como algas atiradas e repousando na areia cálida..
As ondas cavavam poças de louca espuma arranhando a areia como unhas desesperadas.
Meus olhos fascinados gemiam com a tua beleza enquanto por dentro a confusão era generalizada, um cocktail de emoções e sentimentos.
A nuvem apressada que passou fora apenas um amuo que toldara o teu sol no pico de verão.
Mas foi quando as folhas se soltaram mudando de cor e humor que tu meu sol correste para o mar nesse por de sol empolgante, deslumbrante e fugidio e acabaste por te afogar para lá da linha do nosso horizonte.
Por mais que percorra as praias e os por de sol nunca mais te encontrei e agora que a chuva renasceu e me bate nas vidraças percorro os ventos da memória tentando colher de novo o teu calor em alcovas misto de esperança sonho e amor.


Jorge d'Alte