quinta-feira, 23 de novembro de 2023

TUDO O QUE SOMOS

 Quando o Sol beija a Lua
muitas vezes no entardecer
raiando-a de tons de purpura 
eu amo-te nos linhos frescos, nua
vislumbrante de ternura a ferver
e contamos mais uma história pura
onde somos o que somos, grãos de poeira
no vento que voa procurando sobrevivência
no gemido que ressoa acordando as sombras
mãos esbatidas que apalpam daquela maneira
suaves e quentes erguendo-se em semente, vivência
dos corações que em amor ensombras
os lábios garridos
sons de gemidos
suores da copula
delírio que pula
almas gémeas que se dão
já a noite comeu o  dia como ganha pão
trazendo a matina raiada
nos gelos da madrugada
nos sorrisos belos de quem amou
tudo o que somos, tudo o que sou.


Jorge d'Alte


quarta-feira, 11 de outubro de 2023

  Caros amigos, depois do "Lento Esquecimento de Ser" um livro fantástico extraordinariamente bem escrito Miguel d'Alte lança o seu segundo livro Os Crimes do Verão de 1985.

Pelos primeiros capítulos posso adiantar que estamos de novo perante um grande livro.
Os dois livros encontram-se á venda nas lojas FNAC e outras livrarias.

A apresentação do livro no Porto será a 28/10 na Fnac Norteshopping pelas 18,30 com sessão de autógrafos.

Espero contar com a vossa presença.

Obrigado,

Jorge d'Alte

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

 Noite escura para lá da porta meia aberta indecisa e macambuzia da cor do meu íntimo.

Aberta que fora logo a lua me caia encima fulgurante nos laivos níveos tracejando o redor com sombras e sombrinhas que pareciam mudar como peles de camaleão.
Parei na ponte sobre o rio morno que dividia a parte minha e a dos outros.
Eu pertencia aos outros nos anos passados de pequenino e como a sombra que me perseguia cresci aventurei-me nas letras e nos números e agora sou eu com a parte minha mais o meu sonho de amor.
Fora na meia adolescência que  como slide brusco a vi ali mesmo deitada na erva mansa rodeada de papoilas e com os pés mordiscados por minúsculos peixinhos que curiosos tinham vindo.
O espelho calmo do rio espelhou o nosso beijo pequenino como mordiscar apressado e escondido na confusão de caracóis e tranças.
Foi nesse dia que tudo começara com doçura afagada com sorrisos escondidos pelos lábios dados com olhar que nos cativou.


Jorge d'Alte

terça-feira, 12 de setembro de 2023

QUANDO O SOL AMUOU

 Quando o sol amuou

escondeu-se atrás das nuvens
escureceu o céu
iluminou-o com raios e  cataratas de chuvas
trovejou e voltou radiante
um rosto de beleza singela onde o sorriso reinava
emanando vida e amor.
Fiquei cativo no beijo pedido
escravo no afago
sedento no suor
Amei-a quando o Sol amuou,
atrás das nuvens, indiferente a chuva que caía
aos trovejos grotescos
voz rouca esmagada no delírio.


Jorge d'Alte

NOVO DIA QUE EU TRAÇO

 Cai a folha

onde os pássaros escrevem cantigas
na água que molha
que a leva triste de fadigas
Folha esmaecida nas idades
libertada nos ventos da sorte
saltitando por aí nos frigidos dias da vulnerabilidade
Sorrindo sem alegria na dor consorte
Outono de entrelaçados tons de vermelho e castanho
Agasalha os corpos no carvão da lareira
tricotam-se palavras nas falas de cruciante arreganho
Disfarça-se a fome com a peneira
Cai a folha
Cai a lágrima tola
Saudades que se olha
tristeza que rola
num nico de memória 
no beijo fruto do abraço
na rima perfeita da história
num novo dia que traço.

Jorge d'Alte

OLHEI-TE

 Olhei-te nos meus olhos azuis 

na contraluz de um sol espargido
um corpo de traços vis
um rosto sem pique
uma voz como que rugido
um mero clique.
Lancei meus braços nesse negrume
dei-te luz e uma alma
chamei-te de lá alma em lume
obsessão  que se espalma
no íntimo ardente
Então beijei minha boca na tua
dei-te tudo como quem sente
num apogeu até á lua.
Olhei-te nos meus olhos azuis
teus olhos verdes singelos
e essa lágrima que me deste
correu rios e degelos
és agora o meu deleite 
pequena alma que me perdeste
que nunca mais te enjeite.

Jorge d'Alte

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

RENASCER

 O gongo bateu na porta da mente

A linha da morte corria em cada bater do coração
Nas "outroras" disseram jubilantes 
que a luz branca era fim e recomeço
mas não foi isso que encontrei
Vi os rostos que amo, ele, elas e mais, vi amor
O que sofri por eles não conto
Dor e mais que dor, dor que me cruciou sem prantos de mim.
Lutei e lutei quase naufraguei na noite trágica
mas a mão suprema estava lá baralhando as sortes.
Ele , elas e mais alguns e respirava agora a "Graça".
Afinal não era só o desespero de pedir
Os passos vieram depois no calor dos meus
Luto por eles eu que já tenho vida.

Jorge d'Alte