segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Desci a rua alagado no suor, que teimava em me ofuscar os olhos e em me cobrir o corpo, molhando a T-shirt azul que vestia. Os calções agora justos e colados moldavam as formas viris irritando-me.
Tinha subido a pequena montanha, pensando que tudo seria fácil nesse caminho tortuoso, cheio de abismos e contradições. No alto o sol torrava no seu esplendor e se a felicidade era isso eu não a queria. Não queria passar o resto da vida deitado e sonhando ao sol.Sabia que esta pequena montanha, era apenas uma fase desta vida, subida a custo, onde o suor era o fruto do esforço de cada dia. Naquele cimo tudo era dourado tudo era imenso horizonte, tudo era liberdade, mas...
Não havia escolha para as pequenas coisas que engrandecem a alma e os dias futuros. Não havia a luta diária para conquistarmos o nosso lugar, não havia a esquina onde moravam os teus olhos, apenas um horizonte tão imenso, que eu não conseguia agarrar e aí a vida passava na monotonia, escoando-se pelos dedos a cada minuto tornado eternidade.
Sufocado com a realidade, não baixei os braços. Lutei contra o acomodar e vi a luz da vida de novo. Estava mesmo ali como pirilampo um pouco mais em baixo...Se descesse a montanha talvez ainda a apanhasse, mas para isso teria que deixar para trás os dias dourados que conseguira. Mas para que os queria, se iria morrer no tédio, quando eu queria algo novo que voltasse a espicaçar-me e incendiar-me a vida.
Por isso corri no suor descendo a montanha, encontrando de novo aquele caminho singelo e lindo que me levava ao sorriso, aos olhos amados, ao beijo da perdição, sentindo de novo este bater grandioso, que nos leva, esse sim,mais alto, ao paraíso.


jorge d'alte

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

DEVASSA


Rasguei a lua, esventrei-lhe o ventre.
Procurava o pus que infecta, aquele negro que se esconde na outra face, iludindo-nos com a outra com o seu charmoso luar.
E o amor é como ela, moça de duas faces, uma que nos sorri e nos beija, enquanto que com a outra nos trai e nos espeta na alma, as mais amargas palavras.
O ódio agarra-se à alma, tentando destruir o sentimento belo e harmonioso do amor e as almas rolam como cascalho lixado na merda da calçada, mas ali também de repente sentimos a mão da amizade e essa é forte quando verdadeira e sincera. O nosso olhar reluz então na esperança e o passo caminha com duas sombras lado a lado. Não vemos o seu rosto mas sentimos o seu sorriso e o elo aperta-se a cada futuro alcançado.


jorge d'alte

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

AMIZADES

Nestes dias de tempestade, quando o vento nos apela, a chuva nos chora e procuramos no calor da chama o horizonte do passado onde nos relembramos em saudades, transfiguro a mente e sonho.

Tantas amizades consegui, não daquelas que nos pedem, mas sim aquelas que se deram.

As mais recentes foram as virtuais mas também foram as mais sinceras. DE tantas uma duzia fazem-me mais feliz, pois eu sei que essas se preocupam estão vigilantes e me apoiarão se eu necessitar mesmo sem pedir.

A todos esses lindos corações o meu obrigado!

Jorge d'alte