quarta-feira, 29 de setembro de 2010

AMO-TE TANTO


Estou sentado, no meio das searas douradas e arqueadas, pelo peso da suave brisa.
Parece uma enorme onda, que parou no tempo, e já não corre nos braços da ventania.
Já não trás os seus sussurros nem lamentos, apenas o silêncio branqueia o som.
Pergunto-me, porque me sentei aqui, onde os segundos secaram, onde a vista morre na melancolia e quando dou por isso, também a tristeza, a saudade, a mágoa e sei lá mais quem, estão sentadas aqui, em meu redor, cobrando.
Como gostaria, que tudo fosse diferente, que o amor fosse sempre fiel, verdadeiro e duradoiro, que a dor fosse abolida por decreto e que a alegria reinasse e os sorrisos corressem livres, como nuvens de doce de algodão, sopradas em todas as direcções.
Mas não!
O amor, é uma interrogação constante! A interrogação sem resposta é dúvida e esta trás a incerteza, que não se contendo, arrasta o medo para o monte, e pronto!
E esta que faz?
Pois é!
Estraga a relação e funde o amor em letras que escrevem dor, tristeza, desilusão, saudade e por fim lágrimas e mais lágrimas...e para quê?
Digam-me lá?
Para quê?
Então não se vê logo?
Para obrigar o coração a SENTIR, de verdade. Para o fazer questionar com sinceridade, para compreender e sentir no escutar. Sim sentir, que esse imenso fogo que arde conosco, já não é interrogação, já não é dúvida, já não é incerteza, já não é NADA!
É AMOR!Amor, amor!
E vocês minhas amigas, que fazem aqui sentadas comigo?
Já chega toca a bazar!
Agora já posso continuar, sem estas enfadonhas à minha volta!
Tudo muito lindo, se por fim souberem o porquê!
E?
Vá lá!
Pensem!
E?
Então aí vai!
Porque conheceram desta vez as respostas no seu escutar!
Apenas isto!
Tão simples não é?
Isso mesmo, sem respostas, como poderá haver relação e amor?
Brada aos céus, a nossa eterna cegueira!
Agora a alma, limpa e asseada, é verdadeiro sentir infiltrado,onde a sua pureza mata todos os vírus maléficos, que a podem matar e destruir, e esse acreditar, que cresceu com pés para andar, une os corações, como as letras um dia se uniram belas, em poemas feitos de frases que se escreveram, cantando esses amores para a prosteridade, que contra todos e contra tudo vingaram e agora com a compreensão e determinação das coisas, dos meus lábios voam, fazendo-me dizer com toda a força do meu sentir,
"Amor amo-te tanto"!

jorge d'alte

terça-feira, 21 de setembro de 2010

AMOR DE VERÃO


As águas ondulavam, varridas pela brisa do norte.
Não traziam novas desses lados, onde as noites se tornam cada vez mais gélidas e enevoadas.
Sentado na crua e polida pedra, o espírito meditava em saudosas lembranças, que fizeram deste verão árido e calcinado, o compasso de espera para as tempestades, que vêm anunciadas.
O verão, soalheiro das noites belas de luas novas e cheias, movera corações na mais bela das cruzadas, onde as estrelas acompanhavam flirtando as melodias harpias, dos amantes e do amor.
Os rostos, encheram-se de sorrisos, os corpos magros tornaram-se dourados, fazendo sobressair olhos que nos perfuram, entram na alma com magia e depois transformam toda a nossa vida.
E assim aconteceu, a paixão do amor surgiu na penumbra e depressa se tornou sol, fonte de vida e as águas passantes olhavam sussurrando, seguindo o seu curso predestinado e nada disseram, nada cantaram e os silêncios quebrados, por ternuras murmuradas, por gemidos e gargalhadas, transformou-se numa sinfonia nova nos nossos ouvidos, na mais bela das melodias nos nossos sentidos, na mais desejada das canções, com letras sem rima, nos nossos corações.
Sentado, o espírito sente o primeiro arrepio!
A brisa, é agora vento no advento do outono e sopra gélido. A chama estremece vacilante.
Será que o amor se ressente?
O espírito segura, essa mão adorada com as pontas do coração, lança no ar a esperança de que não a vai largar.
As bátegas caìdas e sopradas são lágrimas salgadas, são choro mudo, trespassante, rugindo no vazio.
A mão, lentamente deslizando fora largada e o tempo levou-a na intempérie transformando-a na saudade.
Fora paixão, amor ardente de verão, e como este, não durou para sempre.

Jorge d'alte

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ERA UMA VEZ


Ela sorria perfeita.
Seu nome podia ser perfeição. Traços belos a delineavam num rosto imaculado, num corpo volupto e danado, onde os seus cabelos em cascata encaracolada, davam o toque final.
Tudo nela era angelicamente belo e a sua personalidade, linear e constante.
O amor rodeava-a em mil olhos e atenções, pois tanta beleza era o ponto de encontro com o sexo oposto.
De corpo em corpo, ela vivia a mais velha história desde Adão e Eva. No Liceu a sua cabeça era oca, mas no recreio enchia o espaço como Rosa vermelha no meio do prado, e as cabeças dos rapazes andavam num rodopio, em sorrisinhos provocantes a ver se a sorte lhes sorria. As noites de fim de semana eram loucura com ela, nos bares dançava e arrasava e ninguém podia com ela, os copos erguiam-se ébrios numa vassalagem surda, ela era a vida que pulsava muda.
No seu quarto, fechada, ela chorava amargura, ela era a rainha num reino de fantasia,no reino do faz de conta, da futilidade, mas ao lado do seu trono uma cadeira permanecia sempre vazia.
O seu príncipe não aparecia e por isso chorava. Tinha tudo o que queria do mundo, rapazes, roupas, beleza, dinheiro a rodos, mas nada pagava a ausência do seu príncipe para amar.
Só agora compreendia, que tudo o que fazia a sua vida, afinal não valia nada. Quanto daria por um beijo amado?
As lágrimas responderam-lhe molhadas, caindo na almofada. O amor não pode ser comprado, apenas pode ser amado e aí só o poder do coração manda.
Abriu a janela contemplando a noite bela, as estrelas rodando no céu escuro, em noite de lua nova.
Uma janela se abriu enfrente recortada pela luz de uma lampâda...
Miguel vivia ali, estava apaixonado, mas sabia que tal paixão era apenas um sonho na sua noite, pois o dia trazia-lhe a dura realidade. A miúda que amava era apenas uma fachada, nada tinha de seu, vivia como doidivanas, mas o seu coração amava-a perdidamente. Tudo perdoava, só por um sorriso seu, mas ela passava e não o via e ele definhava nesse amor não correspondido.
Abriu a janela do seu quarto. Ergueu os olhos ao céu, a sua estrelinha estava lá recortada na janela. Acenou com a tristeza de quem se sabe rejeitado, mas desta vez...
Não não pode ser!
Ela acenou também!
Podia imaginar o sorriso que a iluminava.
Viu o gesto num pedido para descer a escada e sem sequer pensar, as suas pernas o levaram degrau a degrau até ao hall da entrada.
Nada! Ninguém lá estava!
Como fora estúpido em pensar que ela o chamara.
Uns passos corridos abraçaram-na com a força do sentimento, enquanto os lábios tremiam temendo a proximidade e como imãs se uniram no fogo da vontade.
Agora ela era rainha no reino do amor, a fantasia ficara para trás, tudo abdicara por ele e agora o seu coração pulsava na felicidade, que invadia o dele.


Jorge d'alte

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O CAFÉ


O café fervilhava de vida!
Os sons de louça chocalhando, juntavam-se às batidas de copos em brindes de "hurra" e no gorgolejar apressado dos shots. Para além, as conversas burburinhavam num som harmónico, apenas quebrado por alguma gargalhada perdida.
Sentada numa mesa, no meio da rapaziada, ela era borboleta vistosa em mil cores desfraldadas. Esvoaçava de rosto em rosto, empunhando o seu sorriso.
Seu rosto gaiato era lindo, nuns olhos profundos e escuros, que nos olhavam vendo e nos sorriam sentindo.
Tudo era mágico na sua postura e nas gargalhadas cristalinas que soltava, que nos arrepiavam em ondas de sedução.
Ela era vida que enchia o meu olhar!
De longe sorria-me, perto abraçou-me e no olá que me dirigiu acordou-me e rejuvenesceu-me, porque trazia por detrás daquele sorriso, promessas mil.
Aquele sorriso inflamante de quem um dia fugira, que um dia rejeitara e que agora sem querer era meu.
Nada fiz para o merecer, não o queria para mim, mas lutando mostrou-me, quanta força existe na vontade de acreditar até ao fim, de lutar pelos sonhos, mesmo que a vida se torne ingrata e nos calque.
Foi isso que um dia fiz com ela!
Calquei-a sem querer!
Rejeitei-a com ternura, amei-a em grande amizade e agora na esplanada espero sem tempo, pelo seu sorriso, pelos seus passos surdos que gingando o corpo se aproximam.


jorge d'alte

sábado, 4 de setembro de 2010

OLÁ VELHA NAMORADA


Era o dia...do mês... do ano que interessa tudo isto?
O que realmente interessa é que vieste até mim de novo, através do tempo que corrói, do tempo que é distância, que foi depois separação.
Não tenho presente se foi o sono, se foi o sonho, se foi a fantasia, se foi a saudade enorme, que te trouxe até mim.
Não sei!
Mas também que interessa isso?
Pegaste na minha mão que suavemente beijaste.Cantaste a nossa canção, afagaste este rosto cansado, preparaste-me o coração.
Tiraste-me do sono, entraste no sonho, foste fantasia que matou a saudade.
Nem queria crer que estivesses ali, sentada a meu lado sorrindo, sorrindo de novo para mim.
Vieste-me contar aqueles segundos dos minutos, que foram horas de angustia para mim, que foi momento em que expirando partiste, deste mundo danado.
" Olha Jonel meu amor lindo, a ruim malvada, a doença que me levou, chegara sem dizer nada. Instalara-se sem que a sentisse e descansada espetou a facada quando quis, a facada que me havia de levar.
Naquele branco que me acolheu, com tubos enfiados e agulhas cravadas, eu só pensava em nós, no que iria ser de ti, como seria a tua vida...
Aí!
As dores caminhavam cada vez mais apressadas e eu lutava, juro-te que lutava em cada lágrima que partia mas por fim já nada sentia nesse corpo que me abandonava.
Sentia sim a tua revolta lá longe onde estavas, sentia a tua dor e beijei os teus olhos, bebi as tuas lágrimas. Senti que me chamavas e beijei os teus lábios sorvendo essa dor que em ti alastrava como peste demoníaca. Senti que me abraçavas e então chorei, então gritei por ti, então murmurei o teu nome nas forças que rareando desfaleciam sentindo cada partícula do meu corpo a partir
De repente a vida, a nossa vida desde crianças, a nossa vida em amor,desfilou célere na minha cabeça, como filme que se bobina, guardando para sempre as nossas recordações, as imagens de uma vida, os sonhos que se esfumaram no repente, o teu perfume, o teu toque, as tuas palavras lindas, a cor do teu amor, enquanto a respiração acelerada e entrecortada, tentava a todo o custo manter este corpo na vida, mas a luz já cá estava,embrulhava-me na sua brancura e no momento seguinte eu passara e já era espírito sem corpo no ultimo som que gritara "Jonel!"
Agora deambulo pelo limbo, entre a vida tirada e o descanso dos céus. Não sou fantasma, não sou nada,nem estrela do céu, apenas espero por ti, para de novo sermos o que sempre fomos, letras sentidas e enlaçadas,da maior palavra do universo "AMOR"."
Olá velha namorada!...
Voltei-me na cama sorrindo, pondo a mão sobre ti ali deitada, o sono veio, o sonho agarrou-me, a fantasia essa era ouro, a saudade dera lugar à infinita alegria do momento.
Olá! velha namorada...

Jorge d'alte (jonel)