sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015





O fumo era o condutor enebriando os cheiros da sala apertada e quente
As palavras eram som sem sentido terminando nos risos e sorrisos ou nas lágrimas que cobriam pupilas desesperadas sem alento nem esperança
A musica dormente e bela hasteava a bandeira da bebida dourada espelhada nos copos que se erguiam num ritual cada vez mais delirante
Não havia brisas nem nuvens por ali nem luas estrelas e outras mais que dizemos serem as almas dos que partiram muitas vezes sem a despedida sempre dorida e amarga....Disseram-me que era o fel que a tornava amarga embora no sonho eterno parecessem sorrir na paz sem destino nem sentires
O horizonte era curto mas belo naquela noite infinda
Delineada nas sombras da luz mortiça e nevoenta ali estava o ónus de toda esta lábia
Digam-me lá se não é bela!
Chamaram-lhe nos primórdios a maçã que tentou Adão e que levou à  perda espiritual de toda a humanidade
Sem esta maçã não haveria humanidade nem eu estaria aqui a dissertar sobre....
Levanto-me estico meu sorriso alvo pela esfregadela diária, Alinho a minha roupa desleixada sacudo poeiras lendárias passo os dedos pelos cabelos encaracolados e entro no sonho quando os sorrisos chocalham, as mãos se dão os corpos se encontram e os lábios cantam
Danço esquecendo
Danço sonhando
Saboreio em dentadinhas esta bela maçã de carne e osso e sinto o fogo ardendo não o inferno anunciado mas os odores os sons e os sabores do paraíso oferecido.

Jorge d'Alte