quarta-feira, 27 de abril de 2011

...Malidicência

...DETRACÇÂO


Arrebentei com as portas fechadas!
É tempo de acabar com o mesquinho das fachadas,
mesmo que pintadas de preto e branco.
Não quero esses sombreados que nos confundem
como sombras chinesas, neste teatro.
Quero ver esses rostos e amá-los,
ou cuspir-lhes em cima nessa hipocrisia
sacrossanta.
Descarnei a alma e deixei-a a secar
em papel de jornal.
Tirei-lhe os podres como poda,
deixei-a de novo vingar em raminhos tenros
e botões a fecundar.
Vós que me olhais, porque não me sentis?
O meu diagrama está diagrafado,
linhas e curvas contornam sentimentos.
Não me detractem!
Não detonem essa bomba sub-reptícia
no sorrateiro, pelas costas.
Sublevo, não na fúria ou no ódio
sublimo este amor que trago dentro.
Não quero sublinear com atos do inferno!
Deixemo-nos de treitas,
treliças que não suportam esse vão entre o bem e o mal
e nos despejam nesse vazio, onde não somos.
A custo voltarei a abrir a escotilha do meu peito,
que trará a luz, me tirará dos brejos.
Frondosos dias alumiarão este caminho,
que ora se estreita ou alarga com agras ladeiras,
fazendo ressurgir nas portas escancaradas,
o meu amor!

Jorge d'alte

sexta-feira, 15 de abril de 2011

...L

...Longe varrem os meus olhos sedentos, o espelho mágico troa na areia em pequenas ondas baloiçadas no vai-vem.Escorrego a ladeira que me comicha os pés com fina areia, inspiro esse aroma forte da maresia e a brisa que sopra passa rápida a ventania. As ondas iradas de profanos rugem agora alterosas intimidando.
O meu sorriso fica ali enquanto espeto na areia espumada a ponta da minha prancha. Num desafio visto novo corpo de borracha...sim não desisto...a razão puxa-me para trás mas a vontade avança e a água passa apressada gritando-me desatinada, tentando empurrar-me para trás e a onda enfurecida esmaga-se perdida em cima de mim. Braçadas levam-me vogando na prancha no p'ra lá e ufano ultrajo esse mar desafiando-o agora a me tragar. A resposta vem rápida na onda que nasce, viro as costas à desgraçada e os braços movem-se com firmeza lançando-me. Erguido sinto o vento incentivar-me, meus pés deslizam juntos com a prancha e na crista da onda lá vou ziguezagueando na bolina e abrigado me recolho no túnel que me garrotilha...é a loucura, é adrenalina no corpo meio encolhido. O súbito trás-me a luz que recorta a minha silhueta no contra luz, garboso e deslizando na pouca velocidade afundo-me na água vencida que num turbilhão me deposita de novo na tenra areia molhada como herói de fantasia...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

...J

...J até podias ser tu! Vá lá! olha bem esse espelho mas sem o quebrares,não faças essa cara, apenas entra no jogo, talvez se mudares um pouco o penteado, porque não mudar a sua cor? Talves eles possam cair sobre esses ombros tostados por solares de fim de semana...ou na sua pequenês apenas te abrigar o rosto como mãos que te afaguem. Talvez...Mas porque não haver sorrisos? Sim daqueles que nos fazem sofrer porque são de outros e não nossos, daqueles que nos entram na alma e depois descarados inventam os nossos sonhos. Podia ser olhar que nos olha como sente e neste poço profundo dizer-nos que não mente. Sim! podias ser esse corpo franzino, branco ou bronzeado, mas que dance connosco e não com a nossa sombra.Essa pele que esvoaça como cega traça em volta,revolteando um coração, que chora suor em horas curtidas de maresias surfadas, ou de amores agrestes quebrados por fundas ravinas. E se fosses lágrima? pérolas só de alegria que limpamos com a ternura e as enrolamos em baús estanques feitos de promessas e de sentimentos que levitam o nosso ego pois agora somos mais do que éramos.
Como vês podias ser...J
Costuma-se dizer " O sonho comanda a vida"
E tu sempre queres ser ...J?

jorge d'alte

sábado, 9 de abril de 2011

...IMAGINA

...Imagina um corpo recortado na penumbra, cheio de linhas douradas do contra luz. Lança a tua fantasia no ar, retém a respiração por um momento, imagina o sorriso que não tem, o olhar que não vês, a vida que não sentes...deixa a tua imaginação voar ao encontro do desejo, deixa a emoção que te bate à porta fazer parte do teu peito...sente esses lábios que não são, percorrer teu corpo como passos na escuridão...deixa-os subir esses degraus até á tua mente, deixa-os enchê-la como balão prenhe dessa musica que a cada golfada sobe, sobe...deixa que rebente nesse cumulo...apanha esses farrapos de borracha que caiem, que esticam a nossa pele no auge do que se sente... imagina-te a voar num céu escuro onde não há estrelas só tu, imagina então...que deste vida a essa recordação e que ela está ali sorridente como sempre, com a luz viva do seu olhar, com a vida a pulsar nesse bater, procura nos seus lábios o teu desejo, a emoção que te enche o peito, abraça-a com todo o teu sentir, chama seu nome e vive!

Jorge d'alte