quarta-feira, 27 de abril de 2011

...Malidicência

...DETRACÇÂO


Arrebentei com as portas fechadas!
É tempo de acabar com o mesquinho das fachadas,
mesmo que pintadas de preto e branco.
Não quero esses sombreados que nos confundem
como sombras chinesas, neste teatro.
Quero ver esses rostos e amá-los,
ou cuspir-lhes em cima nessa hipocrisia
sacrossanta.
Descarnei a alma e deixei-a a secar
em papel de jornal.
Tirei-lhe os podres como poda,
deixei-a de novo vingar em raminhos tenros
e botões a fecundar.
Vós que me olhais, porque não me sentis?
O meu diagrama está diagrafado,
linhas e curvas contornam sentimentos.
Não me detractem!
Não detonem essa bomba sub-reptícia
no sorrateiro, pelas costas.
Sublevo, não na fúria ou no ódio
sublimo este amor que trago dentro.
Não quero sublinear com atos do inferno!
Deixemo-nos de treitas,
treliças que não suportam esse vão entre o bem e o mal
e nos despejam nesse vazio, onde não somos.
A custo voltarei a abrir a escotilha do meu peito,
que trará a luz, me tirará dos brejos.
Frondosos dias alumiarão este caminho,
que ora se estreita ou alarga com agras ladeiras,
fazendo ressurgir nas portas escancaradas,
o meu amor!

Jorge d'alte

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