domingo, 22 de março de 2015














- Lembraste Ernesto quando ainda namorávamos e eu "tafui " "ber" ao teatro da "bila" para aquela coisa da TV?
- Ai se não " malembro " Purquéria minha amada. Ainda  "tabejo" toda enfunada  dentro daquela saia rodada ás riscas  vermelhas e brancas  como o "leixões" e com a blusa apertada como um ramo de nabiças  "berdes".....Ò que saudades.... e as camaras a filmarem com aqueles gajos sempre aos berros ..não se entendiam mas era  como o padre disse na missa.....que parecia uma torre qualquer  mas não era a de Belem.....essa não fala.....
- Eu só "malembro" de te  "ber" com a batuta na mão...toda "bermelha" acenando para mim....naquela altura só me apetecia  correr para ti para te beijar----e os gajos  da TV a gritarem como os burros da Tia Joana que Deus a tenha.....
- Pois mas eu "taba" com a banda toda no palco olhando para a minha batuta todos à espera para entrarem na liça,uns a lamber os beiços para poderem tocar melhor o instrumento outros já com eles na boca todos alegres...então eu "lebantei " a batuta toda bem ao ar e começei a reger e "bite" de pé tentando trepar para o palco...mas que "tadeu" filhinha? qu'aflição! Nem maquero lembrar,,,
- Ai Ernesto quando "tabi" levantar a batuta bem ao alto eu senti uma coisa cá dentro e diabos também queria e atão corri....e quando "tabi" depois agitá-la para cima e p'ra baixo cada "bez"mais depressa como só tu sabes fazer senti um abanão cá nos peitos  mas era o sr guarda que me "seguraba" o peito e me "puxaba" para ele, Olha o danado "lebou" um tabefe nas trombas carago ....de repente todos começaram a meter os instrumentos  nos sítios certos e a musica começou e o sr guarda puxou do cassetete todo inchado para mim e eu " pusle" a mão no cassetete e agarrei-lo com toda a força e "torci-lo" enquanto ele "ficaba" todo "bermelho" e bufaba como um danado e o bombo soou quando ele pôs a mão no meu rabo tentando tentando mas eu firmei-me bem e ferrei-lhe e a flauta  do Moura "esguixou" desafinada pois não" tiraba" os olhos de nós... mas tu" home"   tu sempre com ela na mão para cima e para baixo e todos a seguir-te cada vez mais entusiasmados e os pratos soaram quando o guarda  me montou atirando-me para o chão todo sujo de terra e queria-me dar com o cassetete no rabo  mas eu" bufei-le" nas trombas e ele levou as mãos à cara enquanto eu lhe agarrava o cassetete que estava caído e o punha de novo de pé.....
- Foi foi eu" bite"  com o cassetete do guarda na mão duro e negro" atão" a batuta caiu-me  e a banda atrapalhou-se e  Zé do bombo deu com a batuta dele na bunda do Torres  que gemeu de dor porque nunca levara com uma batuta naquele sitio...o trombone do sr Emílio" estaba" preso nas tangerinas da menina Raquel...que pouca" bergonha"...... o Mário dizia que andava  à procura dos óculos de gatas com o clarinete do Lucas preso atrás e com este gritando e saltitando aflito,,,eu sempre desconfiei que ele era desses ..assim ,,,sabes sempre maneante daquele jeito ... e a Maria! "desabergonhada" deitada no chão de pernas abertas  olhando de boca aberta para o instrumento do Inácio babado de saliva....e depois acabou-se a musica e só ficaram os berros os gemidos e as camaras....
- E o presidente da junta? que lhe dera?"estaba" todo despenteado agarrado à atrevida  da Guida levantando-lhe a saia e dizendo que lhe "taba" a tirar a harpa do sitio.....mas que sitio para se meter a harpa não "axas" Ernesto? Fez-me cá uma confusão.....E a dona Lucrécia  que doida a bater com os pratos encima do presidente seu marido gemendo esganiçada com o esforço pois já não é nova para estas andanças embora pense que é....
- Ai Purquèria minha amada que querias fazer com o cassetete do guarda na mão? Já não te chega a minha batuta?
- O danado do guarda com as mãos no meu peito repuxando-me as mamas, depois tentando montar-me ali mesmo no chão como o boi do Toni  com a vaca da Antonieta tão pesado era ... e com aquela máquina horrenda olhando para mim só com um olho..ferrei-lhe e peguei-lhe no cassetete ... ah a menina Odete soltou um gritinho de contentamento quando também agarrou no cassetete mas a Alice tinha dito que ela anda sempre com as amigas e não quer saber de rapazes...AI!!!!!!!!!!! Santa Quitéria .....queres ver  que as mãos que me repuxaram as ....ai a cadela! Deviam ser as dela.....e eu a julgar que o gritinho tinha sido de agarrar o cassetete do guarda
- Deixa lá filhinha  .... a mim ninguém me agarrou em nada..ali sem batuta ninguém quis saber de mim...eu não percebi nada do que se passou.....No fim quando todos nos acalmamos aqueles gajos da TV vieram-me dar os parabéns pelo excelente programa  que tinham exibido....não percebo porquê! Afinal acabou tudo numa embrulhada e não acabamos de tocar e perdi a minha batuta....
- Ernesto tenho que te dar uma coisa...vez aquela camisa?
- Sim filhinha  parece-me que é uma das minhas.....
- Pois é! Eu pus-me de gatas a fugir do guarda  e encontrei-a nas mão do Álvaro que estava escondido por debaixo do palco a imitar-te  fazendo-a subir e descer mas não como tu...então enfiei-a na tua camisa e salvei a tua batuta..mas já agora não a gosto de a" ber" nas mãos dos outros....e que fazias tu sem camisa  sabes bem que te podes infectar com....
- Pois e eu a tentar tirar-te da mão o cassetete do sr guarda e tu sempre agarrada a ele e o guarda gemendo e bufando até tu o largares todo torcido
- Ernesto, quando voltas a dirigir a banda outra vez?
- Não sei! O sor Presidente ainda está com dores de cabeça por causa dos pratos da Dona Lucrécia diz que foi por isso que não foi ao nosso casamento....
- Ó que pena!  gostava de voltar a ver a tua batuta " bermelha"  a dirigir a banda já tenho saudades de a "ber"



Jorge d'Alte

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015





O fumo era o condutor enebriando os cheiros da sala apertada e quente
As palavras eram som sem sentido terminando nos risos e sorrisos ou nas lágrimas que cobriam pupilas desesperadas sem alento nem esperança
A musica dormente e bela hasteava a bandeira da bebida dourada espelhada nos copos que se erguiam num ritual cada vez mais delirante
Não havia brisas nem nuvens por ali nem luas estrelas e outras mais que dizemos serem as almas dos que partiram muitas vezes sem a despedida sempre dorida e amarga....Disseram-me que era o fel que a tornava amarga embora no sonho eterno parecessem sorrir na paz sem destino nem sentires
O horizonte era curto mas belo naquela noite infinda
Delineada nas sombras da luz mortiça e nevoenta ali estava o ónus de toda esta lábia
Digam-me lá se não é bela!
Chamaram-lhe nos primórdios a maçã que tentou Adão e que levou à  perda espiritual de toda a humanidade
Sem esta maçã não haveria humanidade nem eu estaria aqui a dissertar sobre....
Levanto-me estico meu sorriso alvo pela esfregadela diária, Alinho a minha roupa desleixada sacudo poeiras lendárias passo os dedos pelos cabelos encaracolados e entro no sonho quando os sorrisos chocalham, as mãos se dão os corpos se encontram e os lábios cantam
Danço esquecendo
Danço sonhando
Saboreio em dentadinhas esta bela maçã de carne e osso e sinto o fogo ardendo não o inferno anunciado mas os odores os sons e os sabores do paraíso oferecido.

Jorge d'Alte