domingo, 26 de dezembro de 2010

A PORTA !

A porta bateu fazendo ecoar o seu estrondo. As palavras foram cortadas no assombro dos olhares, de um lado ficara o ciúme, do outro a estupefação.

Os abraços soavam sonhadores, num chiante aperto de cochichos no ouvido e as palavras imortais feitas das letras de amor ainda percorriam os labirintos até ao cérebro, que as dirigia ao âmago da alma, onde numa imensa labareda ardente aqueciam as emoções. Os lábios cantavam essa ode colorida de desejo e os píncaros brilhavam num reluzir de aurora e como gelo derretido caíam corpo abaixo em avalanches de sentires e loucura.

Fora um dia como tantos e como tantos as nossas mãos dadas nos levavam aos nossos cantos preferidos, umas vezes com amigos, outras só com os nossos sorrisos por companhia e as palavras construíam frases tão comuns, como os olhares que trocávamos nessa multidão.

E foi um sorriso que se destacou, e pela sua intensidade captou o meu olhar como num convite mudo para algo que não tinha lugar no meu coração.

A intempestiva brotou da boca da minha companheira, em jorros de angustiante desconfiança e no atropelo das palavras ,já de pé me agredia, "se não te chego vai ter com aquela" e de costas viradas me deixou ali plantado na perplexidade do acto e na interrogação dos restantes.
Meus pés me levaram na sombra da sua passada, com o coração aflito, " que se passara?" e as minhas palavras tinham aquele condão de serem cada vez mais doces, cada vez mais suplicantes, enquanto que o coração dela era cada vez mais irracional e a lava acumulava-se como vulcão, estourando à porta da casa dela.
Aí gritou a sua fúria, enquanto a porta se abria e o seu coração se fechava e sem mais palavras a porta bateu fazendo ecoar o seu estrondo. As palavras foram cortadas no assombro dos olhares, de um lado ficara o ciúme, do outro a estupefação, golpeando sem piedade dois corações e no sangrar das almas, de um lado ficou a minha desilusão no outro as lágrimas do ciúme, que tão depressa brotaram como se transformaram em arrependimento, no chiar da porta que se abriu, no olhar descarnado pela angustia que me dirigiu, pelo abraço suplicante que me deu, no beijo que ardeu cheio de tudo aquilo que no momento passado perdeu.

jorge d' alte

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

NATAL MÁGICO!





Estávamos em pleno Dezembro.
Pedro tinha partido com o seu rebanho e matilha há alguns dias, escalando as montanhas perto da casa onde vivia. Alegremente cantava, ao mesmo tempo que ia chamando algumas das suas ovelhas, que manhosamente se afastavam ou ficavam para trás. Gostava deste ar liberto, como livre era a sua alma de quinze anos. Na sua sacola, dependurada a tiracolo, levava alguma comida enlatada, queijo seco e pão duro. Pelo caminho mordiscava alguns frutos selvagens que conhecia e que ajudavam a mitigar a fome, mas também levava o seu "Livro dos Sonhos" onde escrevia o seu dia a dia, o que lhe abrasava a alma e o que pretendia ser quando fosse maior. A escola tivera que esperar, pois era importante para a família, que nesta altura o gado se alimentasse bem, para depois poderem fazer o queijo que venderiam na feira e que renderia o bastante, para que os seus pais e irmãos não morressem de fome.
Sofia era uma menina de cidade, que fora viver com os avós para a aldeia montanhosa. A separação de seus pais fora conflituosa e ela sofrera tanto, que um dia gritara na algazarra da discussão, que queria paz e que por isso ia viver com os seus avós. No dia seguinte pegara nas suas economias, que eram abundantes e partira sem olhar para trás, deixando naquele quarto luxuoso as memórias da sua infância de catorze anos.
Na escola da aldeia conhecera Pedro e mais alguns amigos, que a principio desconfiavam dela pelos seus ricos vestidos, pelos seus longos cabelos castanhos encaracolados, pelo seu rosto trigueiro e pelos seus magníficos olhos verdes. Mas depressa se deram conta, que a sua alma era generosa, tentando ajudar sempre o próximo, explicando nas suas horas livres, problemas de matemática e outras matérias onde era barra.
Todavia o seu coração alvoraçava-se sempre que pensava no seu muito amigo Pedro. Gostava dele porque era sensível, porque estava sempre pronto para a acompanhar, sobretudo nestes dias, onde a noite caia mais cedo e a sombras gemiam com o soprar do vento. Gostava do seu eterno sorriso, gostava dos poemas que ele escrevia, do seu rosto energético e da sua força de vontade e de aprender.
Davam grandes caminhadas aos domingos, falando dos seus sonhos e do seu futuro, do que iriam fazer quando o seu crescer decidisse, que eram horas de viverem uma nova experiencia de vida. Ela queria ser médica e por isso aplicava-se em estudos, muito para alem das matérias do liceu e lá ia compreendendo o que era ser médica, a dedicação necessária, a vontade de ajuda e de um dia poder dizer á sua alma, que a sua vida valera a pena ser vivida.
Pedro tinha-lhe confessado que queria ser escritor e poeta, pois estava-lhe no sangue e também ensinar sobretudo a sua língua mãe.
O tempo voara e tinham chegado as férias, mas o seu coraçãozinho ficara perdido, quando vira Pedro com seu cajado, começar a subir o trilho que o levaria até á alta montanha, onde ficaria até á véspera de Natal.
No seu cantinho especial, no cimo de uma laranjeira, chorara lágrimas malucas de tristeza e saudade, sem saber bem porquê.
O sentimento de vazio alimentava a sua alma, fazendo-a gemer e estremecer de dor e dava-lhe um ar de nostalgia. E ali ficava longas horas, olhando a montanha que devorara o seu "amor".
Amor? murmurara baixinho, era isso que a consumia, era esse ardor que ardia sem se ver? Então a alegria brilhou, nas pérolas que saiam dos seus olhitos, transformando o seu rosto num imenso sorriso. Amor! era isso que sentia, bem encaixado lá dentro.
Entretanto os dias na montanha, tinham-se passado com demasiada lentidão e Pedro sentia que uma parte dele tinha ficado bem lá em baixo. Sim, tinha desde há muito a noção que gostava de Sofia e que a sua vida e os seus sonhos passavam por uma vida rumada em conjunto, mas o seu olhar entristecia-se ao lembrar-se que ela era uma menina de cidade e que talvez nunca se interessasse por ele, pobre e como futuro somente de trabalho, pulso e vontade, para ser mais do que poderia ser.
Amanhã seria véspera de Natal e ele desceria a montanha, para se juntar á sua família e á volta da lareira cantarem e cearem a parca comida, que conseguiriam arranjar, mas o que interessava era mesmo a alegria e o amor que sentiam uns pelos outros. Essa era a grande prenda de Natal, que todos os anos ofereciam uns aos outros.
Sofia por seu lado andava animadíssima, era a hora de chegar o seu "amor". Os seus avós estavam estupefactos pela mudança radical do seu temperamento. Já andavam intrigados pela sua transparecida tristeza, que quebrava os seus corações, pensando que seria por causa dos seus pais, mas agora ao verem-na assim, interrogavam-se sobre o que se passaria naquela linda cabecinha.
Nessa noite o céu mudara radicalmente. Do azul que brilhara durante o dia ficara apenas uns salpicos entre as abertas das nuvens que corriam cada vez mais depressa, cada vez mais negras até que da escuridão começaram a cair pétalas brancas como a neve, cada vez mais forte ao mesmo tempo que o vento uivava o seu desconforto e danado vergava as arvores seculares.
Cá em baixo, Sofia sentira a mudança e com apreensão olhara para esse alto, agora envolvido pelo manto de nevoeiro cada vez mais escuro e espesso.
No seu olhar a decisão estava tomada. Não pensou duas vezes. Conhecia a montanha e partiria de imediato ao encontro de Pedro para o ajudar a voltar. Assim o pensou assim o fez. Pegou na sua mochila, meteu a sua lanterna, fósforos, comida, sacos cama e a sua pequena tenda. A parte mais difícil era convencer os avós a deixarem-na partir, pois era noite de consoada. A sua alma sangrava dividida, entre o seu amor por Pedro e o seu amor pelos avós. Por isso resolveu usar a sinceridade e a determinação, contando a sua resolução e os motivos. Os avós estavam indecisos em a deixarem partir, mas perante tamanha vontade e por gostarem de Pedro que conheciam desde sempre e no qual tinham a maior confiança, as suas falas foram-se murchando, até que só restou darem-lhe alguns conselhos e beijarem-na e com voz sofrida e sufocada pela emoção, desejarem que a sua viagem tivesse volta.
Rapidamente Sofia foi subindo a montanha, animada com a sofreguidão de ver Pedro. Na sua mão para além da lanterna, levava um apito para assinalar a Pedro a sua chegada. Meses antes tinham combinado que esse seria o sinal de que necessitavam um do outro.
Debaixo de uma grande pedra saliente, cavada na penedia, Pedro fizera a sua fogueira do costume e juntara o seu rebanho em redor com os cães de guarda e assim se aquecia do frio que varria agora atrás do vento. A neve amontoava-se por todo o lado impossibilitando qualquer tipo de descida. Se a neve não parasse, teria que passar ali pelo menos mais alguns dias, quase sem comida e pela primeira vez em anos perderia a parca ceia de Natal.
Pedro cantava baixinho a sua melodia preferida de Natal, para afastar a sua tristeza, quando o silencio foi invadido e cortado primeiro pela algazarra dos cães depois por um longo som de apito.
So fi a...? Como poderia ser? Apressado retirou da sua sacola o seu apito e começou a soprá-lo com toda a sua força, para que com o som a guiasse até si. Já começava a ver, primeiramente a luz débil e trémula de uma lanterna, tornando-se cada vez mais forte com a proximidade, trazendo por detrás o sorriso de Sofia.
Por fim correu para ela abraçando-a, não querendo acreditar no que via.
Arrastou-a rapidamente para o calor da fogueira ficando um enfrente ao outro. Sofia sentia-se inquieta. Seria que ele perceberia o que lhe consumia o coração? Seria que sentiria o mesmo, ou apenas a amizade como até ali? Pedro olhava de soslaio aquele rosto mágico, onde tudo estava escrito e onde ele podia ler como livro aberto, e por isso notou e sentiu a diferença de atitude que andava no ar. Ficou apreensivo. Porque seria?
De repente as suas vozes falaram ao mesmo tempo e eles deliraram e rebolaram em risos de nervosa histeria. Por fim lá se acalmaram e contaram as novidades um ao outro deixando de fora o que lhes moía o coração. Era chegada a hora da consoada e Sofia compenetrada fez o seu papel de mulher estendendo uma toalha, naquele chão semi aquecido e dispusera em redor a comida e guloseimas que trouxera.
Pedro montava a pequena tenda que lhes daria um maior conforto quando o sono viesse cobrar e os sonhos os envolvessem num tempo de paz.
Foram comendo num mastigar confuso como as suas almas e por um momento seus olhares se tocaram sem disfarces, sem medos, com perguntas vorazes que queriam saltar e não saiam.
Pedro ficou pensativo dando-lhe a sua mão calejada de tanto trabalho e puxou-a para ele com toda a ternura. Sofia sentiu-se voar encostando de mansinho a sua cabeça, naquele peito musculado e seguro. Assim passaram algum tempo e as ideias iam tomando forros de querer e decisão. Pedro quebrou esse silencio e por entre a cantiga do vento, da dança dos flocos de neve e das arvores que os rodeavam como juízes, ele contou-lhe tudo o que sentia por ela,desde o primeiro dia em que a vira chegar á aldeia, em cima do feno na carroça do avô dela.
Sofia encarou-o de frente, com pequenas gotas que corriam apenas daqueles olhos verdes e pingavam em sons de felicidade.
"Sim também eu te amo" disse ela e quero que a minha vida seja a tua e que os nossos rumos alcancem os sonhos e que estes se concretizem neste nosso amor.
Pedro entretanto disse-lhe, que era pobre e só tinha mesmo para lhe dar o seu amor a vontade de lutar e aprender até que um dia pudesse ser alguém na vida e lhe pudesse proporcionar todo o conforto de um lar.
"Isso não interessa" respondeu-lhe Sofia, eu amo-te pelo que és e a minha vida será para sempre a tua e juntos ficaremos, acredita meu amor...
Abraçaram-se comovidos em murmúrios de carinho...
Olha Sofia! Hoje é véspera de Natal e eu não tenho aqui nada para te dar, a não ser o aconchego do meu amor.
Pois eu tenho algo para ti! Agarrou com ternura o seu rosto e lentamente seus lábios tocaram-se e entraram num imenso sonho...
O vento que sacudia a neve que caia fria e as arvores altaneiras, foram esquecidas e naquelas mentes a alegria jorrava em sentimentos que se uniam e fundiam numa só alma.
Era agora tempo de recolherem á tenda montada para se abrigarem aquecerem e dormirem, mas tudo agora era sentimento e emoção e entraram num outro mundo, onde agora o Natal era Amor de verdade e as suas tristezas, duvidas e angustias foram levadas pelas nuvens plúmbeas que rapidamente se afastavam.
No ar agora parado, ficava o sabor da magia de uma Noite de Natal.


Um Feliz Natal a todos os que me honraram com a sua presença e amizade

Para todos vós fiz esta História que espero tenham gostado.


Jorge d'Alte

NOITE MÁGICA!


Quando eu era pequeno e as árvores de Natal eram grandes, olhava embevecido para todas aquelas luzes brilhando e sonhava, enquanto que lá fora o vento uivava a sua fúria desatinada e as bátegas e os flocos se esmagavam, contra os vidros da janela. Muitas vezes pensava, onde estava esse menino que tantas prendinhas enviava? Queria conhecê-lo, brincar com ele e ali ficava à espera,à espera que esse Pai Natal chegasse, para lhe perguntar, onde esse Menino morava.
Mas sempre que o Pai Natal vinha, trazendo-me as suas prendinhas, eu estava sossegado dentro do meu sono e nunca consegui perguntar-lhe.
Mas a vida fez-me crescer e agora as arvores de natal já não são grandes. Olho para ela de outra maneira, as luzes já não me despertam a curiosidade, agora sei porque aprendi e os meus passos outrora trôpegos, são agora confiantes. Olho os presentes com um sorriso, mas o meu pensamento está longe. Agora amo, enquanto outros brincam e alguém entrou na minha vida e esse sim, foi o meu melhor presente.
Agora já sou grande e a árvore pequenina. Já não penso nas suas luzes, já não penso nesse alguém, agora ao meu lado tenho três rostos lindos, que olham essa árvore que é grande, com olhos embevecidos e sonhadores, vendo essas luzes piscantes e multicoloridas, enquanto que lá fora o vento uiva sua fúria desatinada, as bátegas e os flocos se esmagam, nos vidros da janela...
Muitas vezes penso, onde está esse menino que tantas prendinhas enviava? Pois é aí nesse sonho, que tudo é belo,inocente, perfeito e fantástico...
Mesmo agora, continuo a sonhar com essa magia, que é a Noite e o Dia de Natal.


jorge d'alte

domingo, 5 de dezembro de 2010

ACHAM QUE EU MEREÇO?



Sentado, escrevo letras que se unem em frases que fazem os meus textos.
Tantas vezes me perguntei, porque estou aqui?
Porque faço isto?
Nunca até à pouco me tinha debruçado, sobre este sonho que era escrever e se possível, um dia escrever o tal livro.
A vida girou e levou-me por outros caminhos, deu-me outros sonhos, deu-me outros fins, e agora sem mais aquela, obrigou-me a sentar, e como um velho professor apontando o papel e a caneta, intrometeu-se-me na minha mente dizendo:
Está na altura, agora escreve!
E assim o faço.
Não sei se o mereço e por isso, aqui aguardo qualquer comentário, que por ser sincero me fustigue a alma e faça com que os meus dedos escrevam algo que eu quisera que fosse magia...
Continuo sem saber porque estou aqui... e se mereço!
Ouvi lindas palavras vindas de tantos corações, alguns que se entranharam na minha alma, ficaram lá presos numa amizade que não tem rosto, mas tem gesto e esses eu gosto e amo...
Na amálgama que zurze a minha mente, as letras saem primeiro tímidas, depois fluentes e riscam o papel onde o texto exposto é contemplado e depois é visto, é visitado. Alguns deixam o seu carisma num comentário, outros apenas passam como as nuvens levadas pelo vento.
Tantas são as perguntas que me faço.
Mas sinceramente digam-me lá, acham que eu mereço?


Jorge d'Alte

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Elvis Presley - Love Me Tender (Lyrics)



LOVE ME TENDER


Os olhos tinham-se fechado com o peso das pálpebras ensonadas, levando consigo a imagem com que sempre adormeço, o teu rosto.
O tempo era de verão, a lua mentirosa não viajava no meu céu, a brisa trazia-me o cheiro da maresia ali perto, mas também o teu, que me envolvia como bruma escondendo-me desse mundo falso, onde todos vivemos.
Meus olhos procuravam preocupados a tua estrela, o teu sol, mas por mais que me esticasse, mesmo pondo-me em bicos de pés não a conseguia alcançar.
Aflito corri a praia de lés a lés, talvez mais ali eu a pudesse agarrar e já desesperado perguntei à onda vazada se tinha visto ou escutado nesse mar a tua estrela, o teu nome amado, mas rolando de volta virou-me as costas e deixou-me na areia a espuma da sua raiva.
Virei-me para o norte, escutando a voz desse vento, ouvindo o seu lamento triste e o seu desespero, que fazia vergar de dor as árvores gigantescas.
Nada tinha para me dar para me dizer, pois ele era perdição e destruição.
Caí de joelhos nesse chão falso, que muda constantemente, consoante o vento, consoante o mar e as areias gemeram, sob o peso do meu pesar.
Quis gritar para quebrar o pesadelo, mas a voz não saiu e em vez dela senti-me a chorar, mas as lágrimas não corriam, este rio já secara há muito e a alma ofendida, queria dar largas à sua inconformada condição e desenhou, traçou e sombreou no meu sonho esses traços belos, que por serem singelos um dia amei e por eles fui amado.
Agora era tudo silêncio ao redor, as sombras já não dançavam suas ilusões, eu tinha-te mais uma vez no meu sonho e aí nem a morte, nem a vida, podiam escrever outro guião.
Ai eramos nós os escritores, eramos nós os narradores, eramos nós os actores e a cena começou com o cair da ilusão e o erguer da fantasia, da fé e da esperança.
Dei-te a minha mão, puxando-a para mim. Beijei esses dedos finos e elegantes que um dia percorreram o meu rosto, me afagaram a pele suada e salgada, me arrancaram pele ensanguentada, no desespero ávido do cume orgasmico.
Rodei-te a cintura com os braços da ternura e dançamos colados a nossa canção "Love Me Tender"
As notas foram solfejadas com frémitos de emoção em cada rodopio, em cada calafrio e aí chegou langorosamente o beijo aos meus lábios túmidos e sedentos.
Oh! doce recordação, trazendo-me de novo ao sonho, este desejo louco como cavalo à solta, galopando nos peitos, saltando todas as barreiras e levando-me do teu leito, até à tua estrela, até ao teu sol, que me abrasava por direito todo o meu corpo dado.
Vivi contigo nesse Céu que era teu e meu e as nuvens passantes recolheram o nosso amor, embalando-o no vento norte, que agora de mansinho sussurrava, ecoando nossas promessas de ali vivermos eternamente.
Um dia haverá mais uma estrela nesse céu e terá o meu nome escrito mesmo ao lado do teu, porque a felicidade não se vive só neste mundo, vive-se também no poder do sonho, na doçura da fantasia, naquilo em que acreditamos, na fé com que nos entregamos, na força com que nos unimos,na esperança de um novo encontro, que estará muito, mas mesmo muito para além desse negro que tememos, e a que chamamos morte.


jorge d'alte

domingo, 21 de novembro de 2010

FILHOS!


Estou só sentado no chão do meu quarto. As sombras dançam à minha volta sua dança transformativa naquilo que a ilusão dos olhos quer que vejamos.
Lanço meus olhos aos céus procurando as estrelas sempre a apagarem-se a cada segundo meu, e a tristeza invade-me profundamente, transforma o meu corpo, dilacera o meu rosto e a dor aparece como chama ardendo bem cá dentro, devorando o meu amor por esses tantos que aos poucos se apagaram.
Meus lábios murmuram roucos e perdidos, na raiva seca que faz arder os meus olhos, perguntando simplesmente:
"Porquê meu Deus?"
Tanta gente a sofrer, onde há poucos segundos era alegria, tanta gente apertando a vida nos seus dedos brancos, cada vez mais gélidos, na vã tentativa que ela não se vá.
As recordações já não chegam para matar saudades, pois correm como imagens sem vida e sem som, como filme mudo onde interpretamos tudo pelo gesto e movimento.
Já não sinto o perfume desses tempos, desses corpos, o carinho desses rostos, o amor danado que era fulgurante vida, já não consigo escutar essas vozes queridas, essas promessas prometidas,o vosso cantar.
Porquê meu Deus?
Porque tem a vida de ser assim, porque nos impuseste esse jogo de roleta?
Não tenho medo dessa morte, não tenho medo dessa partida, apenas não quero sobreviver aos outros, ficar perdido no tempo que já não é meu, não ter esse abraço quente que me faz sorrir.
A luz acende-se na voz querida que me apela.
Pai!
Não limpo os meus olhos, não componho o meu rosto, não te imploro meu Deus, não quero nada de ti, apenas este som me fez sorrir...
O corpo alquebrado, sobre o peso da tristeza, ergue-se a custo deste chão, a vida continua para lá da escuridão e o meu amor é resposta:
Já vou minha filha!
E lá vou no meu sorriso... no meio da sua alegria...


Jorge d'alte

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O PERFUME


Muitas vezes o perfume atrai-nos envolvendo-nos na sua fragância e nós lá vamos levados nessa onda quando a verdadeira essência está no coração.
O perfume faz-se de pequenas coisas que juntas se engrandecem tornando-se em algo novo que nos atrai e conquista.
Assim é o amor onde tudo começa do nada e aos poucos vai-se fortalecendo vai-se moldando e as fragrâncias que lhe dão sentido se vão juntando enobrecendo revigorando, renovando e no final são a essência bela que fica perfumando o nosso coração.




jorge d'alte

sábado, 30 de outubro de 2010

ABACADRAVA


Abacadrava!

Ele ficou estático por breves segundos na calçada da rua que levava seus passos rumo ao liceu.
De trás de uma árvore perfumada por imensas flores ela saiu sorridente no seu passo ondulado de ancas maneadas.
Ele olhou em roda o que é que o fizera parar?
As pernas não andavam por isso olhou em volta esperançado em que alguém o pudesse ajudar.
Seu olhar viu uma bela moça que seguia o seu sorriso que por ser tão intensivo irradiava.
Olá! Podes-me ajudar?
Em que é que queres que te ajude? disse a moça.
Estou aqui parado no tempo e não me consigo libertar.
Pois eu sei uma maneira!
Deveras, qual?
Fazemos uma acordo, eu gosto muito de ti e tu nunca deste por mim, mas se me aceitares eu conceder-te-ei esse pedido que me fizeste.
Bom se é esse o caso eu aceito, pois não quero ficar para aqui até ter barbas pelo umbigo.
Um sutil e estridente estalar de dedos devolveu o andar ao rapaz que lá foi seguindo a sua companheira...um beijo aqui, outro acolá...um abraço, um murmurar ao ouvido...
Tudo o rapaz fez para que ela se satisfizesse.
Tudo corria conforme os planos elaborados , mas faltava qualquer coisa que não a satisfazia, algo que a deixava pela metade, algo que ela não compreendia, e por isso nesse dia chorou.
Estava no seu quarto, onde as sombras do escuro tomavam conta da sua alma. O seu coração gemia de angustia porque amava aquele rapaz...mas ele tudo fazia como simples marionete, como se as cordas que o ligavam a ele e que ela manejava, fossem vazias de nada, e tudo fosse ficção, como se ele nada sentisse e pior não existisse...
As lágrimas que corriam traziam frases de torturosa dor e a sua mente refugiou-se no pensar das coisas na sua interpretação e compreensão, e aí fez-se luz.
Pois é! Agora compreendo.
Posso estar a maneja-lo, posso ter tudo dele, mas nunca conseguirei a chama da sua alma, pois é isso que lhe dá vida, calor, e desejo. Tenho uma pessoa que fiz e não aquela que é e é isso que faz a diferença, e é isso que me está a matar aos poucos...

Abacadrava!

O seu gesto despertara o rapaz, que olhava em volta indeciso.
Que lhe acontecera?
Acho que vivi um sonho esquisito talvez por ter reprimido por tanto tempo este sentimento que sinto...mas a minha timidez acaba sempre por levar a sua avante e eu fico ali sem saber "SE" ...
Na manhã seguinte a moça calcorreava a calçada apressada pois já ia atrasada para o liceu, levando seu olhar em mundos de fantasia onde Ele era o seu Ídolo.
Por sua vez Ele caminhava devagar preso na vontade que não saía, murchando no entusiasmo a cada passada dada como se subisse para o cadafalso.
Sentiu um deslocar de ar e sobressaltou-se, era Ela que passava tão depressa...
Levantou os braços e o seu coração gritou contra sua vontade "ESPERA!"
A moça deu um salto de surpresa... mas onde já ouvira aquela voz?
Não pode ser!
Ele nunca me Vê!
Estacou, virando-se devagar para trás...
Ele via em câmara lenta, o corpo do seu amor parar, voltar-se devagar e o sorriso a abrir-se lentamente como rosa na húmida madrugada e as suas palavras saíram como catadupas de mel.
Espera! murmurou, olhando agora aqueles olhos verdes profundos e enigmáticos.
Eu tenho-te visto no recreio da escola e o meu coração pula sempre que te vê buscando no teu olhar um sinal de que não sou indiferente para ti, sabes porquê?
Porque te Amo, simplesmente te amo e não consigo existir sem ti.
A moça retrocedeu e sem dizer nada beijou-o como só o amor beija, e disse-lhe ao ouvido no abraço que dava, "nem sonhas há quanto tempo queria ouvir isto"...

Nessa noite de halloween a moça tomou a decisão, já não precisava da sua varinha de condão, pois a magia do amor nunca se consegue por imposição, mas sim quando os corações se abraçam e amam de verdade.

Abacadrava! e a sua varinha desapareceu.

Agora sim era e seria feliz pois tinha a seu lado aquele que amava e que a amava e juntos percorreriam as estradas da vida tentando não tropeçar nem cair mas a confiança estava impressa na sua vontade e esta não esmoreceria.


jorge d'alte

VERMELHINHO


Podia ser um tomate mas é um carrinho.
Quem o viu ficou a pensar mas que lindo que ele é (e eu a julgar que era eu o tal lindo). O seu perfume evola-se no ar num gosto carregado de adrenalina. Esse é o segundo nome dele(também podia muito bem ser o meu ). Ele ama deslizar suavemente como em pele gemente (e eu se calhar não?) e depois acelerar sentindo tudo ficar para trás (onde já vi isto) e sermos só um (isto eu sei bem onde) depois de atingirmos esses píncaros e fazermos o cavalo descemos num refrear com a carroceria (podiam ser os corpos) a vibrar e o chiar esmorece na curva súbita que aparece ( nem me quero lembrar desta parte pois já não sabia onde estava) e no deslizar de lado neste slide (já não sei quem está encima ou em baixo pois os corpos revolucionam-se em constantes mudanças de posição) o desejo sobe outra vez numa nova adrenalina e acelera de novo agora em linha recta atingindo tal velocidade que passamos para além do tempo onde só se sente a emoção e o corpo gemente e numa outra viragem a descida quer-se vertiginosa e arranca os cabelos para trás e nesse frenético agarrar das unhas o carro retoma a estrada roncando de novo levando um bater mais forte aos corações e depois num refrear a emoção leva o desejo de acelerar e na calmia que se segue sentimos a vida a pulsar de novo com o presente ficando para trás e o futuro a ser absorvido em cada segundo que juntos percorremos e para finalizar esta bela viagem nada melhor que um pião a derrapar(abraço em rodopio contigo a girar a girar) até o carro parar.

Adoro o meu vermelhinho com amor e carinho (isto foi para ti minha companheira de viagem)

Jorge d'alte

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SEMPRE TE AMAREI!


As ruas velhas que eu percorro na noite que cai solitária, cada uma mais estreita, estrangulando os meus passos que me levam a lugares esconsos onde a lua que é luar já não reina, nem é som, e as sombras estendem suas garras, me agarram ferindo as minhas entranhas loucamente dilaceradas, afastando-me do caminho que tracei, levando-me as pessoas que na vida encontrei, que amei, que foram vida, e de entre todas foste aquela que jamais esquecerei, porque foste minha!
Agora estás perdida e por isso te procuro, seja no dia que nasce cedo por detrás daqueles montes,quebrando a madrugada, seja na noite de verdugo que me traga como vulto fugidio no nevoeiro correndo atrás do eco que tu deixáste.
O vento fustiga levando tudo à sua frente, tira-me a pele em tiras, como chicote estalante traçando sulcos tão fundos, tão fundos que a dor já não sente nada, arranca-me o coração em saudades lancinantes onde se ilude em lágrimas derramadas, gritando em vão teu nome que se funde com o som troante da trovoada.
Um raio de luz assombra o meu rosto, desenhando no ar de cordite a vida do teu olhar.
Ah!
Estás aqui!
Finalmente te encontro, na etérea luz do relâmpago.
Foi o segundo mais lindo da minha vida desde o dia em que me deixaste levando-me tudo o que eu tinha e deixando-me nu e exposto, perdido na calçada.
De novo solto os meus passos, deixando-os nus de sentires, caminhando por caminhar sempre na vã procura do lugar onde tu estás.
Sento-me na sarjeta cansado, uma pinga solitária beija-me a cara trazendo à minha alma o teu perfume excitante.
Afinal tinhas razão quando um dia me disseste, JOnel "estarei sempre onde estiveres e aí te amarei".
Agora moro nas imensas ruelas, vivo na minha sombra contigo de mão dada.


jorge d'alte

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O PEDIDO


Olho para ti e o meu coração pula.
A proximidade é curta e os lábios quase se tocam, mas a minha boca quer falar, e o tempo faz fremitá-los ainda mais, numa onda que é difícil de sustentar.
É tempo de lhe dizer e as minhas pernas tremem e a minha mente duvida num "se" e a coragem retrocede, mas logo aparece quando com um sorriso ela me pergunta
"Que se passa?"
"Que me queres contar?"
Agora gaguejo.
Porra, fui apanhado na armadilha que fiz a mim mesmo e já não tenho escolha nem por onde escapar.
Por isso suo frio, agarrando-lhe tremulamente as mãos.
Como lhe dizer aquilo que nunca tinha dito? Que palavras dizer, se não continham tudo o que sentia cá dentro?
Ela olhava-me na interrogação, com o sorriso a desvanecer-se e a tornar-se em aflição.
Porque não me beijas?
Já não me queres?
Não, não é isso! soletro cada letra como um menino tonto e de repente... tudo saiu numa enxurrada.
Eu AMO-TE muito, quero que sejas o farol da minha vida, que sonhemos juntos uma vida, a nossa... e quero que namores comigo(já está, disse para comigo, e continuei)
Não consigo deixar de pensar em ti, de sonhar contigo. Quero que sejas minha, quero que me ames também...e calei-me olhando-a, se calhar pela última vez.
Ela ficou a olhar longamente para mim, séria!
Estou morto pensei, o meu coração parou, que eternidade!
Os olhos dela adoçaram-se no pouco a pouco e o sorriso nasceu do seu crepúsculo. Agora escutei o primeiro baque do meu coração e as pernas fraquejando vergaram-se com o peso da emoção quando ela agarrando o meu rosto parvo, me disse:
Anda cá meu tonto!
Eu também te AMO!
Por isso beija-me meu amor, por isso serei tua, por isso te amarei até ao fim dos meus dias e serei a tua lua.
O coração já não batia, agora corria no frémito que subia, e os lábios abertos contavam outra história, a história do meu primeiro dia.
A partir daqui deixara de ser o rapazinho que apenas sonhava.
Agora tinha o sonho nas mãos agarradas e não o ia deixar fugir...

jorge d'alte

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A GAIVOTA



A gaivota partia rumo ao horizonte!
Levava nas pontas das suas asas os sonhos de uma vida e dourada batia suas asas compassadas,enfrentando com fulgor esse sol que se punha.
Relaxava nas recordações vividas... cada passada dada,entrando no passado e vogando bem lá no alto ao sabor da aragem, vivia de novo o som do primeiro encontrar de lábios que sussurrara bem dentro a palavra amar e a partir daí o seu voar se tornou diferente, porque agora suas asas abraçavam não o vento que passava indiferente mas sim algo lindo que luzia na menina dos seus olhos.
O amor chegara sem se anunciar e mudara toda uma rotina, tornando a monotonia dos seus dias em saudade ansiosa numa entrega total e incondicional que alimentava como achas de uma fogueira a emoção do momento e o desejo como fermento.
Como foram belos esses dias em que o seu corpo mudara no seu crescer e a sua penugem apelava à sedução e o sonho que desde há muito escondera estava ali ao seu alcance e por isso voava rumo ao horizonte!
Levava nas pontas das suas asas o seu amor e juntos em cada bater de asas enfrentavam esse horizonte sem medo enfrentando com fulgor esse sol que se punha no ocaso.

jorge d'alte

EU


Vivia no limbo pequeno e engraçado.
Tinha tudo para crescer ali na orla do prado.
As sombras vetustas dos meus pais e companheiros, que se erguiam acima de mim, frondosos e orgulhosos, protegiam-me dos ventos, que vergavam,vergavam até quebrar.
Pequeno tronco era, despontando parco de ramos e folhas, e um dia quando já definhava fora do imaginário, estendi as minhas raízes, agarrando-me à vida, e a seiva voltou forte e doce e os sentimentos como ramos dourados, estenderam-se às alturas.
As folhas vieram-me vestir, num traje biológico e belo e no despertar das primaveras surgiram as flores, que por serem belas, acasalaram em frutos e a minha semente na terra caída, era esperança de mais uma vida, ali adormecida, à espera da primeira gota que a agitasse e que da terra fértil surgisse, essa filha minha.
Um a um, o machado implacável escolhia a sorte, que derrubaria sem remissão, toda uma vida, feita de sonhos e emoções, apimentada com fantasia.
Agora, eu sou gigante ondulando com a brisa dos tempos, olhando para baixo, vendo meus doces rebentos esticarem as suas raízes, como eu outrora o fizera, crescerem em belos portes, que um dia nas primaveras, hão-de florir.
Sei que o machado virá um dia sem piedade. Que me derrubará com cortes profundos e dolorosos, mas nas pequenas sementes, que a meu lado florescem, está o meu EU e o dos antigos, reinventando novas flores, que um dia por serem belas, darão frutos e sementes, tal como eu e assim a imortalidade é realidade, no pouco que fui, no pouco que sou, no muito que ainda irei ser.


jorge d'alte

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

AMO-TE TANTO


Estou sentado, no meio das searas douradas e arqueadas, pelo peso da suave brisa.
Parece uma enorme onda, que parou no tempo, e já não corre nos braços da ventania.
Já não trás os seus sussurros nem lamentos, apenas o silêncio branqueia o som.
Pergunto-me, porque me sentei aqui, onde os segundos secaram, onde a vista morre na melancolia e quando dou por isso, também a tristeza, a saudade, a mágoa e sei lá mais quem, estão sentadas aqui, em meu redor, cobrando.
Como gostaria, que tudo fosse diferente, que o amor fosse sempre fiel, verdadeiro e duradoiro, que a dor fosse abolida por decreto e que a alegria reinasse e os sorrisos corressem livres, como nuvens de doce de algodão, sopradas em todas as direcções.
Mas não!
O amor, é uma interrogação constante! A interrogação sem resposta é dúvida e esta trás a incerteza, que não se contendo, arrasta o medo para o monte, e pronto!
E esta que faz?
Pois é!
Estraga a relação e funde o amor em letras que escrevem dor, tristeza, desilusão, saudade e por fim lágrimas e mais lágrimas...e para quê?
Digam-me lá?
Para quê?
Então não se vê logo?
Para obrigar o coração a SENTIR, de verdade. Para o fazer questionar com sinceridade, para compreender e sentir no escutar. Sim sentir, que esse imenso fogo que arde conosco, já não é interrogação, já não é dúvida, já não é incerteza, já não é NADA!
É AMOR!Amor, amor!
E vocês minhas amigas, que fazem aqui sentadas comigo?
Já chega toca a bazar!
Agora já posso continuar, sem estas enfadonhas à minha volta!
Tudo muito lindo, se por fim souberem o porquê!
E?
Vá lá!
Pensem!
E?
Então aí vai!
Porque conheceram desta vez as respostas no seu escutar!
Apenas isto!
Tão simples não é?
Isso mesmo, sem respostas, como poderá haver relação e amor?
Brada aos céus, a nossa eterna cegueira!
Agora a alma, limpa e asseada, é verdadeiro sentir infiltrado,onde a sua pureza mata todos os vírus maléficos, que a podem matar e destruir, e esse acreditar, que cresceu com pés para andar, une os corações, como as letras um dia se uniram belas, em poemas feitos de frases que se escreveram, cantando esses amores para a prosteridade, que contra todos e contra tudo vingaram e agora com a compreensão e determinação das coisas, dos meus lábios voam, fazendo-me dizer com toda a força do meu sentir,
"Amor amo-te tanto"!

jorge d'alte

terça-feira, 21 de setembro de 2010

AMOR DE VERÃO


As águas ondulavam, varridas pela brisa do norte.
Não traziam novas desses lados, onde as noites se tornam cada vez mais gélidas e enevoadas.
Sentado na crua e polida pedra, o espírito meditava em saudosas lembranças, que fizeram deste verão árido e calcinado, o compasso de espera para as tempestades, que vêm anunciadas.
O verão, soalheiro das noites belas de luas novas e cheias, movera corações na mais bela das cruzadas, onde as estrelas acompanhavam flirtando as melodias harpias, dos amantes e do amor.
Os rostos, encheram-se de sorrisos, os corpos magros tornaram-se dourados, fazendo sobressair olhos que nos perfuram, entram na alma com magia e depois transformam toda a nossa vida.
E assim aconteceu, a paixão do amor surgiu na penumbra e depressa se tornou sol, fonte de vida e as águas passantes olhavam sussurrando, seguindo o seu curso predestinado e nada disseram, nada cantaram e os silêncios quebrados, por ternuras murmuradas, por gemidos e gargalhadas, transformou-se numa sinfonia nova nos nossos ouvidos, na mais bela das melodias nos nossos sentidos, na mais desejada das canções, com letras sem rima, nos nossos corações.
Sentado, o espírito sente o primeiro arrepio!
A brisa, é agora vento no advento do outono e sopra gélido. A chama estremece vacilante.
Será que o amor se ressente?
O espírito segura, essa mão adorada com as pontas do coração, lança no ar a esperança de que não a vai largar.
As bátegas caìdas e sopradas são lágrimas salgadas, são choro mudo, trespassante, rugindo no vazio.
A mão, lentamente deslizando fora largada e o tempo levou-a na intempérie transformando-a na saudade.
Fora paixão, amor ardente de verão, e como este, não durou para sempre.

Jorge d'alte

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ERA UMA VEZ


Ela sorria perfeita.
Seu nome podia ser perfeição. Traços belos a delineavam num rosto imaculado, num corpo volupto e danado, onde os seus cabelos em cascata encaracolada, davam o toque final.
Tudo nela era angelicamente belo e a sua personalidade, linear e constante.
O amor rodeava-a em mil olhos e atenções, pois tanta beleza era o ponto de encontro com o sexo oposto.
De corpo em corpo, ela vivia a mais velha história desde Adão e Eva. No Liceu a sua cabeça era oca, mas no recreio enchia o espaço como Rosa vermelha no meio do prado, e as cabeças dos rapazes andavam num rodopio, em sorrisinhos provocantes a ver se a sorte lhes sorria. As noites de fim de semana eram loucura com ela, nos bares dançava e arrasava e ninguém podia com ela, os copos erguiam-se ébrios numa vassalagem surda, ela era a vida que pulsava muda.
No seu quarto, fechada, ela chorava amargura, ela era a rainha num reino de fantasia,no reino do faz de conta, da futilidade, mas ao lado do seu trono uma cadeira permanecia sempre vazia.
O seu príncipe não aparecia e por isso chorava. Tinha tudo o que queria do mundo, rapazes, roupas, beleza, dinheiro a rodos, mas nada pagava a ausência do seu príncipe para amar.
Só agora compreendia, que tudo o que fazia a sua vida, afinal não valia nada. Quanto daria por um beijo amado?
As lágrimas responderam-lhe molhadas, caindo na almofada. O amor não pode ser comprado, apenas pode ser amado e aí só o poder do coração manda.
Abriu a janela contemplando a noite bela, as estrelas rodando no céu escuro, em noite de lua nova.
Uma janela se abriu enfrente recortada pela luz de uma lampâda...
Miguel vivia ali, estava apaixonado, mas sabia que tal paixão era apenas um sonho na sua noite, pois o dia trazia-lhe a dura realidade. A miúda que amava era apenas uma fachada, nada tinha de seu, vivia como doidivanas, mas o seu coração amava-a perdidamente. Tudo perdoava, só por um sorriso seu, mas ela passava e não o via e ele definhava nesse amor não correspondido.
Abriu a janela do seu quarto. Ergueu os olhos ao céu, a sua estrelinha estava lá recortada na janela. Acenou com a tristeza de quem se sabe rejeitado, mas desta vez...
Não não pode ser!
Ela acenou também!
Podia imaginar o sorriso que a iluminava.
Viu o gesto num pedido para descer a escada e sem sequer pensar, as suas pernas o levaram degrau a degrau até ao hall da entrada.
Nada! Ninguém lá estava!
Como fora estúpido em pensar que ela o chamara.
Uns passos corridos abraçaram-na com a força do sentimento, enquanto os lábios tremiam temendo a proximidade e como imãs se uniram no fogo da vontade.
Agora ela era rainha no reino do amor, a fantasia ficara para trás, tudo abdicara por ele e agora o seu coração pulsava na felicidade, que invadia o dele.


Jorge d'alte

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O CAFÉ


O café fervilhava de vida!
Os sons de louça chocalhando, juntavam-se às batidas de copos em brindes de "hurra" e no gorgolejar apressado dos shots. Para além, as conversas burburinhavam num som harmónico, apenas quebrado por alguma gargalhada perdida.
Sentada numa mesa, no meio da rapaziada, ela era borboleta vistosa em mil cores desfraldadas. Esvoaçava de rosto em rosto, empunhando o seu sorriso.
Seu rosto gaiato era lindo, nuns olhos profundos e escuros, que nos olhavam vendo e nos sorriam sentindo.
Tudo era mágico na sua postura e nas gargalhadas cristalinas que soltava, que nos arrepiavam em ondas de sedução.
Ela era vida que enchia o meu olhar!
De longe sorria-me, perto abraçou-me e no olá que me dirigiu acordou-me e rejuvenesceu-me, porque trazia por detrás daquele sorriso, promessas mil.
Aquele sorriso inflamante de quem um dia fugira, que um dia rejeitara e que agora sem querer era meu.
Nada fiz para o merecer, não o queria para mim, mas lutando mostrou-me, quanta força existe na vontade de acreditar até ao fim, de lutar pelos sonhos, mesmo que a vida se torne ingrata e nos calque.
Foi isso que um dia fiz com ela!
Calquei-a sem querer!
Rejeitei-a com ternura, amei-a em grande amizade e agora na esplanada espero sem tempo, pelo seu sorriso, pelos seus passos surdos que gingando o corpo se aproximam.


jorge d'alte

sábado, 4 de setembro de 2010

OLÁ VELHA NAMORADA


Era o dia...do mês... do ano que interessa tudo isto?
O que realmente interessa é que vieste até mim de novo, através do tempo que corrói, do tempo que é distância, que foi depois separação.
Não tenho presente se foi o sono, se foi o sonho, se foi a fantasia, se foi a saudade enorme, que te trouxe até mim.
Não sei!
Mas também que interessa isso?
Pegaste na minha mão que suavemente beijaste.Cantaste a nossa canção, afagaste este rosto cansado, preparaste-me o coração.
Tiraste-me do sono, entraste no sonho, foste fantasia que matou a saudade.
Nem queria crer que estivesses ali, sentada a meu lado sorrindo, sorrindo de novo para mim.
Vieste-me contar aqueles segundos dos minutos, que foram horas de angustia para mim, que foi momento em que expirando partiste, deste mundo danado.
" Olha Jonel meu amor lindo, a ruim malvada, a doença que me levou, chegara sem dizer nada. Instalara-se sem que a sentisse e descansada espetou a facada quando quis, a facada que me havia de levar.
Naquele branco que me acolheu, com tubos enfiados e agulhas cravadas, eu só pensava em nós, no que iria ser de ti, como seria a tua vida...
Aí!
As dores caminhavam cada vez mais apressadas e eu lutava, juro-te que lutava em cada lágrima que partia mas por fim já nada sentia nesse corpo que me abandonava.
Sentia sim a tua revolta lá longe onde estavas, sentia a tua dor e beijei os teus olhos, bebi as tuas lágrimas. Senti que me chamavas e beijei os teus lábios sorvendo essa dor que em ti alastrava como peste demoníaca. Senti que me abraçavas e então chorei, então gritei por ti, então murmurei o teu nome nas forças que rareando desfaleciam sentindo cada partícula do meu corpo a partir
De repente a vida, a nossa vida desde crianças, a nossa vida em amor,desfilou célere na minha cabeça, como filme que se bobina, guardando para sempre as nossas recordações, as imagens de uma vida, os sonhos que se esfumaram no repente, o teu perfume, o teu toque, as tuas palavras lindas, a cor do teu amor, enquanto a respiração acelerada e entrecortada, tentava a todo o custo manter este corpo na vida, mas a luz já cá estava,embrulhava-me na sua brancura e no momento seguinte eu passara e já era espírito sem corpo no ultimo som que gritara "Jonel!"
Agora deambulo pelo limbo, entre a vida tirada e o descanso dos céus. Não sou fantasma, não sou nada,nem estrela do céu, apenas espero por ti, para de novo sermos o que sempre fomos, letras sentidas e enlaçadas,da maior palavra do universo "AMOR"."
Olá velha namorada!...
Voltei-me na cama sorrindo, pondo a mão sobre ti ali deitada, o sono veio, o sonho agarrou-me, a fantasia essa era ouro, a saudade dera lugar à infinita alegria do momento.
Olá! velha namorada...

Jorge d'alte (jonel)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Porta bateu!


A porta bateu!
Não era a despedida que dizia adeus, mas sim a entrada que dizia bom-dia.
E realmente era um bom dia, pois com o seu sorriso brilhando, ofuscava qualquer tristeza.
Sem dizer palavra beijou a minha testa, deu-me uma carinhosa palmada na face e com olhos matreiros comia agora o pequeno almoço, olhando abertamente só para mim.
Tinha a idade que tinha, mas um coração lindo de bradar e sabia perfeitamente até onde queria chegar.
Eu era o fruto proibido!
Era pronuncio de uma guerra de vontades.
A mesma luta que já traváramos antes mas apenas em pequenas escaramuças.
Agora era a sério a luta era desejo!
O seu olhar falava-me ao coração
Aquele olhar sorrindo tomava-me de emoção e fremente desejo.
Tentei escapar com uma palavra que me foi arrancada descaradamente com um beijo.
Estavam abertas as hostilidades!
Tentei contra atacar afastando-a suavemente, pondo aquela cara feia de quem se encontra desagradado e vai daí, contrapondo ela ferra-me a orelha segredando-me.
Aí palavras lindas que me moem a alma!
Mas não dando o braço a torcer, chamei-lhe menina feia, empurrando-a com suave brutalidade, pois ela era Eva tentando-me com a velha maçã da luxúria.
Não perdendo o sorriso, deixando-se cair de costas e agarrando-me com paixão, jogou o ataque mais velho do mundo, agarrou-me a alma beijando-me de novo com toda a calma, todo o seu ardor, rodando sobre si, era ela agora que se impunha na situação sobre mim, rindo-se em roucas gargalhadas sedutoras, movendo-se eróticamente, fascinante em cada gesto seu.
Fui derrotado, fui escravizado e agora espero numa muda interrogação, que o seu sorriso cavalgue de novo sobre mim e me leve por esses prados belos e ondulados pela brisa da emoção sem fim e me dê de novo aquilo, que por não querer lutei, por ser contra vontade sofri, mas que no final amei.

jorge d'alte

sábado, 21 de agosto de 2010

ERA





Era Agosto e a lua cheia provocava lá no alto, rechonchuda, altaneira e bela, vestida com trajes de luar, que se derramava em cascatas de alvas pérolas, sobre aqueles que se amavam.
Dois seres sorriam!
Tinham os seus motivos para se alegrarem, pois os corações, quais cavalos à solta venciam a distância, empurrando os lábios sedentos de luxúria, num encontro de sentidos: sedução, emoção e desejo.
E assim, enquanto a lua passava e se escondia, o doce abraço aconteceu, as bocas se uniram abertas em línguas que se tocaram enrodilhadas, e o frémito percorreu célere os corpos trémulos e excitados, e as mãos inquietas percorreram pontos igneos, fontes de fogo, lendo como Braille palavras que estavam lá, e o mundo esvaziou no crescer do orgasmo que aos poucos langorosamente se esvaneceu.
As mãos dadas juraram esse amor que seria eterno.
Os lábios húmidos selaram essas promessas que fizeram, e os dias foram-se sucedendo às noites, as noites iluminaram-se na união, e esta trouxe a felicidade.
Pelo caminho ficou a juventude, no meio de fraldas e chupetas, e o outono cresce agora em dias cada vez mais curtos, onde a lua esmorece ultrapassada pelas nuvens do passado, levando o seu luar brilhante para as memórias, deixando ficar lado a lado na cama dois seres que se amam.
Tu e Eu!

jorge d'alte

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

FÈRIAS


ÓLá!

Queria agradecer a todos os que me têm acompanhado neste blog e no thesoul_feelings_dreams.blogs.sapo.pt/ e também pelos lindos posts que tenho lido nos vossos que me têm encantado e penso eu trazido novas amizades.

Durante este mês poucas oportunidades tive de estar aqui mas vou fazer os possiveis por voltar no entanto se quiserem ler outros posts mais antigos e deixar os vossos comentários quando chegar retribuirei.

Obrigados e muita amizade e que as vossas férias sejam tão boas como aquelas que tenho gozado.

jorge d'alte

domingo, 15 de agosto de 2010

O aperto suave do teu beijo

Longe vão os tempos de menino e moço.
Tempos onde a incerteza era a certeza do momento e as aventuras sucediam-se nos laivos da loucura e da inconsciência. Era a juventude plena de vontades, de aprender e errar, crescendo e formando-se, ilustrando no rosto de alma sucessivas cores de sentimentos, que pouco a pouco formaram a minha personalidade.

Hoje nos sonhos revejo partes da vida que julgara esquecidas no blôr do tempo intemporal e cruel.

“Passos que nunca mais escutei, soam solitários na penumbra do sonho, caminhando como sempre caminharam, de uma forma decidida e franca trazendo na alvura do sorriso, o calor do ser belo que foras.
Os teus braços trouxeram-me o aperto suave do teu beijo em lábios róseos ou de carmim, ateando um fogo delirado, ganancioso e singelo que absorvia todo o meu sentir, dando-me na troca por excesso o teu calor, o teu desejo, a loucura de quem sente e ama até ao fim.
As tuas mãos níveas apertam as minhas douradas e rudes, descem depois ternurentas em estradas de carinhos, falando ao meu coração com o poder da sugestão, levando-me a sorrir uma vez mais, mesmo quando este bater chora em sulcos rugosos de angústia tristeza e saudade.
Foi mais uma visita que me fizeste desde aquele dia em que balbuciando me disseram que morreras.
Agora o sonho cresce nos campos verdes, nos trigais ondulantes do tempo trazendo-me nas brisas, as tuas gargalhadas francas e roucas, divertidas e loucas, palavras soltas que somavam frases como “ agora não” enganando ao mesmo tempo o desejo, tornando-o real e premente numa troca rápida de beijo.
A lua que sempre nos acompanhou e agora sorri neste sonho descarada risonha e brilhante de expectativa, definhando depois triste quando não conseguiu nada, pois ELA como enguia provocava e fugia, num jogo erótico de tensão sem remissão, lançando-me contra a luxúria numa louca cavalgada qual cruzado correndo nos areais infiéis, lutando contra a emoção do desejo, caindo invencível pela sua amada, neste imenso pântano de sentires que é o amor.
As pálpebras esbracejam lutando para se abrirem, tentando destronar-me deste sonho do qual não quero sair, mas a luz ruim e chata clama por mim e com toda a lata acorda-me por fim, fazendo-me encarar mais uma vez a atroz realidade de que te perdi, não para sempre porque sinto na minha pele e bem cá dentro, que um dia nos uniremos numa áurea etérea de luz celestial e então aí nesse cosmos intemporal, nos amaremos de verdade, porque não morreste para mim, apenas partiste mais cedo, tomando esse comboio desconhecido que te levou no espaço do tempo, mas um dia na estação prevista estarás ali sorrindo para mim trazendo-me o aperto suave do teu beijo em lábios róseos ou de carmim, beijo longo e eterno, sem fim”.


Jorge d’alte

domingo, 1 de agosto de 2010

O meu jardim

Hoje no meu trono de pedra desci até ao fogo do meu intimo.
Sempre fui o jardineiro deste jardim, sempre tratei dele, arrancando as suas ervas daninhas, podando como artista dando-lhe uma forma, como deus dando-lhe vida, como homem vivendo nele.
De certa forma consegui mantê-lo estável.
Como tudo no universo os mundos giram e mudam e assim também este jardim se foi modificando com os tempos.
Começou de pequenino apenas com três flores despontando. A vontade de aprender,a força do amor e o sonho de poder sonhar.
Plantei depois flores mais coloridas, mais fortes mais decididas e então fertilizei neste jardim a humildade do saber, a curiosidade das coisas a primeira amizade selada com a força do sangue o amor e todos os seus tons e no sonho tracei o meu rumo que fui consolidando com o tempo.
Com pesticidas caseiros e na solidão intemporal tratei das minhas doenças, como a dor, a tristeza a saudade.
Da alegria fiz fortificante para a vida e com o sorriso venci os seus fantasmas devolvendo a este jardim a tónica calma que sempre me pautou.
Agora introduzi novas flores neste jardim.
Novos amigos entraram na minha vida frutos das tecnologias, são chamados os virtuais.
A principio não lhes dei muita atenção, mas agora aqui no meu trono sinto-os como parte de mim um novo canteiro cada vez mais lindo cada vez mais importante no meu jardim e por isso tento compreender como tratá-lo.
Um dia uma "amiga" disse-me que não acreditava neste tipo de amizade. Após alguma luta eu apenas lhe disse que a amizade é provada com actos e se algum dia necessitasse eu a ajudaria.
Assim aconteceu e eu fui ajuda enquanto necessitou. Acho que acreditou!
Depois disso outros apareceram e tenho dado o meu melhor...mas a questão que ponho a mim mesmo é se estou a lidar bem com estas novas plantas se realmente posso tratar delas e que tipo de fertilizantes devo usar.
Tenho usado vários:
A sinceridade
O escutar
A compreenção
O carinho e a ternura
A minha força
A minha sabedoria
A minha atenção
Numa palavra dei-lhes a minha alma.
Agora que já me esclareci, digam-me se estou no caminho certo se há mais tratamentos que possa introduzir para tornar o meu jardim cada vez mais belo e importante que me traga o sabor de quem soube que este sonho se podia realizar.

Jorge d'alte ( dedicado a todos os meus amigos virtuais, em especial SARA, JO,Sarinhass, Clara,NTwilighter, Suh, e tantos outros)
A todos um grande obrigado

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ghosts



Só na solidão do meu quarto evoco os meus fantasmas, recordo esses momentos que pretendi esquecer e eles se erguem de novo palpitantes evolando no meu ar tecendo teorias do "SE" do "PORQUÊ" que se entranham na minha alma em milhentas duvidas. O chão eleva-se no ar em retorcidos como os seus murmùrios e lá ficam nesse vogar pois se não são feitos de certezas também não são a incerteza e assim sem destino pairam entre o consciente e o inconsciente sem lugar na realidade pois foram fim no passado e fantasmas no meu presente.

jorge d'alte (Tela em óleo pintada pelo autor.O chão foi de propósito retorcido)

domingo, 25 de julho de 2010

Vampira


Sou filha de uma Lua Nova
Gosto de noites bem escuras
por entre as sombras bravias
o meu ciclo sempre se renova
Teço lá as minhas aventuras
procuro o sangue pelas vias
mordo com toda a doçura
Sugo voraz este mel da vida
traindo a humanidade sem dó
depois fico ali quieta e saciada
sentindo em mim esta loucura
sentindo-me como alma perdida
na demanda vã desta caçada
Se não mordo torno-me em pó
alma morta no tempo esquecida
Assim viajo no tempo milenar
amando aquele que vou matar
Sentimentos fortes nunca sentira
nesta alma danada e só de vampira

jorge d' alte

terça-feira, 20 de julho de 2010

Vampiro


Na arvore no seu topo
entre ramos e perfumes
encho fasto o meu copo
com aromas e costumes
Assim espero o humano
que desprevenido passe
Solto meu instinto insano
corro como se derrapasse
na curva do meu destino
Aproximo-me suave devagar
a boca salivando de felino
dentes crescidos vou cravar
nesse pescoço liso e fino
Em pânico me olha esse rosto
que me faz travar de repente
olhos fascinantes a meu gosto
lindos puros muito diferente
Meu coração parou e tropeçou
ai que fazer o que me deu?
sou vampiro que se enfeitiçou
E no final o caçado fui eu

jorge d'alte

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Uma história de verdade ou a verdade da história


A manhã estava límpida e fresca.
A brisa soprava dos lados do norte arrepiando-nos a pele trazendo as alvoradas de um outono precoce. As arvores dançavam num abanar ritmado e murmuravam a estranha melodia que trás a melancolia dos dias passados outrora luzidios e simples agora cada vez mais complicados.
Sentada na fluvial praia perdida nos sonhos ela carpia um amor que se escapara por entre os dedos como magia num estalar.
Amavam-se desde pequenos. Segundo se lembrava beijara-o aos seis anos quando entrara para a escola como um selar de algo muito forte que não compreendiam.
Ainda sentia aquela sensação...estranho... como fora tão belo tão desprendido tão cheio de simplicidade tão cheio de inocência. Esse sim fora o beijo de uma vida.
Quantos se seguiram? Cada um mais forte cada um mais profundo até que um dia esse beijo foi desejo e foi bom. Como esquecer esse dia em que fora moça e mulher?
Agora por detrás das lágrimas que teimavam em assomar aos seus doridos olhos ela via-o pela primeira vez como perda e isso rasgava-lhe a alma dilacerando-a com a dor que não se ia.
A pergunta era porquê agora?
Tinham passado juntos 15 anos das suas vidas conheciam-se como ninguém e agora que os sonhos se iam concretizando e as suas vidas eram harmonia tudo fora engolido como brecha aberta por um tremor de terra que abalara e de que maneira o seu dia a dia.
Ele partira um dia sem dizer nada! Para onde não sabia apenas a deixara nessa noite com um simples beijo de despedida e um até amanhã gatinha.
No dia seguinte desaparecera sem nada dizer a ninguém levando consigo o seu encanto o seu sorriso o seu perfume.
Ela sabia que ele a amava que ela era toda a sua vida...então porquê esta atitude?
ELE abrira os olhos desfocados. Rodara-os em volta. Onde estaria!
Aos poucos o torpor fora desaparecendo. Um mundo branco rodeava-o. Não era o céu não! Ouvia o zumbido de maquinaria e via tubos que penetravam na sua carne na sua boca...
Hospital! estou num hospital gritou a sua alma em desespero. Que lhe acontecera! Lembrava-se de ter partido para a cidade a pé levando no pensamento comprar uma prenda para ela.
Ai que seria dela?
Saberia que ele estava ali? E a sua tia onde estava? Ela era toda a sua familia e tratara dele desde que os pais e avós tinha morrido num desastre deixando-o só na vida até que um dia aparecera na instituição que o acolhera uma pessoa dizendo ser sua tia avó que o levara e tratara e lhe dera uma vida envolta em amor.
Não se lembrava de nada do que lhe acontecera e porque estava ali.
A porta abriu-se devagar uma figura de branco interpelou-o perguntando-lhe o nome se sabia quem era e onde morava. Logo a seguir a dar as correctas informações entrara outra pessoa. Era um médico de certeza pois fez-lhe vários testes ao mesmo tempo que lhe dizia " ora meu rapaz está tudo bem contigo agora. Encontraram-te caido sem sentidos na berma da estrada e como não tinhas documentos nem nada e tinhas a cabeça rachada pensamos que foste agredido e roubado". Se tiveres nº de telefone podemos avisar os teus pais para te virem buscar. Ah mas só mais tarde. Passaste aqui dois dias muito maus mas agora o pior já passou e o máximo amanhã já terás alta. Agora vais tomar este comprimido e daqui a pouco estarás a dormir como um santo.
Aos poucos os olhos fecharam-se levando na retina o rosto dela e o seu sorriso adormeceu como por encanto.
Os olhos piscaram e preguiçosos abriram-se devagar.
O rosto com que adormecera ainda ali estava só que agora havia lágrimas que corriam e algo lhe apertava as mãos.
Ai doce visão não te vás... não te escondas nos meus sonhos...Mas o rosto brilhava agora como o sol de verão e o sorriso enchia-o de um encanto tão grande que ele nem pestanejou com medo que tudo se esvaísse como fumo no ar.
Mas não agora eram lábios que tocavam os seus lhe insuflavam novo ar e ânimo lhe traziam a paz... e o seu rosto chorou.
Outra voz pigarreou comovida. O novo rosto surgiu enrugado de tanta vida e a sua velha tia estendeu sua mão rugosa e calejada e com uma simples carícia tocou por dentro a sua alma iluminando-a enchendo-a com uma ternura nunca sentida.
As duas pessoas que mais amavam estavam ali juntas num só sentir "amor" diferentes claro mas cada um mais profundo mais sentido mais acolhedor...

O amor é isto uma história feita ao longo da vida e que nos acompanha até ao último sopro.
Pode ser vivido de muitas formas pode-se degenerar pelas circunstâncias e ser ódio ou paixão mas nunca deixa de ser "AMOR"
É feito de Esperança Fé Saudade Duvida Tristeza Alegria Luta na ponta da nossa Vontade, mas sobretudo é feito do fogo da ALMA.

jorge d'alte (dedicado a todos aqueles que sabem o que é amor e o que é amar)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Porquê

Porque gosto de ti?
- Um dia quando estávamos sentados o nosso café entre conversas animadas, entre risinhos abafados de meninas dei comigo a pensar como o teu sorriso era lindo, como me prendia o olhar, por isso disse pequenas coisas que te faziam sorrir assim como aos outros, mas para mim só o teu começou a contar. Cá dentro algo nascera sem eu saber, pois o que eu queria mesmo era gozar a vida da melhor maneira e assim se passaram dias.No entanto os meus sonhos eram povoados com pequenos bocados de ti e isso fez-me pensar.
Assim ontem na penumbra de um novo dia eu dediquei o meu tempo a pensar e vi o que até agora ainda não vira"gostava de ti".
Revi de novo a confusão que bailava no meu coração, entre sentimentos avassaladores que sufocavam a minha mente, entre sorrisos de esperança, duvidas...
- porra tanta coisa para algo tão puro e simples dizia a minha alma.
No entanto nada é tão simples pois a decisão é sempre complexa que exije perguntas concretas e respostas certas e saber.
E aqui está a tua pergunta que tantas vezes me fiz e cuja resposta sei e não sei porque não há palavras para definir. Por outro lado há o sentir e aí sim sei que gosto de ti!
Porquê?
Porque quando te vejo o mundo pára, porque quando sorris a vida começa, porque quando me abraças somos um mundo de emocões, porque quando me beijas és desejo és paz, porque quando me murmuras és brisa doce que me acaricia,porque quando me tocas a pele fervilha, porque quando dizes que me amas somos fogo, vulcão activo, lava ardente, porque...
Sim porque te AMO e não concebo uma vida sem ti!
Porq...
Neste momento a lua sorri!
Porquê?

O teu beijo abafou a resposta, abalou o meu mundo, trouxe o desejo que ardeu que se calou bem no intimo dos nossos seres.
Mais?
A história começou não teve o tal "The End" pois continuou


jorge d'alte

terça-feira, 6 de julho de 2010

Amiga!


Ontem nadei contigo a meu lado.
Cortamos as ondas e dividimos a espuma e ficamos sentados nesse fundo vendo os nossos sentimentos como bolhinhas subirem até à tona onde rebentavam espalhando-se no que nos rodeava.
Tudo começou na crista do sonho quando a alma adormeçe e nada a acorda.
Aí a verdade somos nós que a fazemos criando como génio a perfeição. Tu és como eu queria e eu sou como tu me queres e o sonho "pink" começa.
Neste nadar lado a lado pudemos interiorizar que o valor da amizade que nos une é muito mais que um simples sonho ou teclar.
De certa forma compreendemo-nos temos o nosso espaço as nossas diferenças os nossos cantos de refugio mas as palavras fazem frases que se transformam em idéias mensagens ajuda e aí nos revemos dando ânimo ao nosso sentimento e tudo o que dizemos ou fazemos é em prol daqueles de quem gostamos. Damos sem pedir pois sabemos que se um dia necessitar-mos eles também lá estarão conosco.
Agora numa última braçada as mãos se deram apertadas formaram neste mar imenso um elo onde as ondas que batem se quebram compreendendo que enquanto estiverem unidas nada mesmo nada conseguirá separá-las e destruí-las.

jorge d'Alte

domingo, 4 de julho de 2010

Droga!


Seu corpo deslizava na brisa do norte descendo o areal na direção da água salgada onde as ondas espaçadas batiam na areia murmurando seu nome clamando por ela.
Era belo e tostado pelo sol e amado por olhares que se perdiam em sonhos,em ciúmes, em amores.
O tempo parara para nós que como peixinhos tótós rodeávamos a sua áurea pela míngua de um seu olhar, de um sorriso de um acenar.
Era a nossa juventude a falar onde não há imponderáveis onde tudo se pode tornar realidade, basta apenas ter a força do sonhar.
Ela era a menina da moda rica sensual e bela e os nossos corações só batiam por ela.
No meio caminho seus dedos gentis puxaram o atilho e desvendaram mais um capitulo do nosso sonho.
Nua e ofegante entrou na água fria e sussurrante mergulhando até às profundezas desse outro mundo lavando dos nossos olhares essa visão libidinosa que fizera ferver o nosso sangue, nos injetara o desejo e nos matava de emoção.
Triste sina a dela, porque apesar de ser muito bela, não teve o tino para escolher a sua rota e foi corroída por essa praga que depois de injetada a levou a outros mundos onde o inferno é o seu sonho onde a paz é o seu fim.
Vi-a outro dia!
As lágrimas assomaram aos meus olhos.
Era a antítese da beleza,definhada e desmazelada marcada pelas agruras correndo de mão estendida para as pessoas que receando se afastavam suplicando por uma moedinha para depois se ir injetar e partir para outra...

jorgito (Desenho feito e pintado pelo autor)

O beijo

Os olhos fecham-se devagar
Os lábios aproximam-se tocando-se
Nos olhos fechados uma luzinha veio para ficar
De novo vêm os lábios encantando-se
que se esmagam num carrossel de emoções
Os corpos agora girados e abraçados
são pequenos nós atados
cheios de ligações
As línguas se abraçam numa disputa
e os sentimentos preparam-se na alma para essa luta
Como balões sobem, sobem e rebentam
cada vez mais alto, cada vez mais loucos
e a loucura apodera-se em soluços roucos
em canções que os lábios inventam
e de repente
num clímax diferente
os corpos são paz depois da dor
e nos semblantes
agora em cores brilhantes
se escreve devagar a palavra "amor"

jorge d'alte

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O primeiro amor


O meu sorriso abriu-se num imenso leque branco.
O seu chamar cristalino abria caminho no silencio da madrugada batendo na minha janela como pancadinhas nervosas de expectativa.
Graça saltava numa tentativa ingénua de lançar mais alto a sua voz agora envolta em impaciência.
Os seus treze anos delgados e altos recortavam-se na penumbra do alvorecer numa forma atraente e bela.Os seus cabelos longos abraçavam o seu rosto caindo desafinados pelos saltos nos seus lindos ombros tisnados.
De cara trigueira e morena de tanto sol olhava-me possessa com seus enormes olhos esverdeados.
-Vê lá se acordas
-Então vamos ou não vamos até ao campo!
-O nascer do sol já despontou e vamos perdê-lo mais uma vez!
Ai minha vida já vou, e lá fui vestindo as calças e correndo escadas abaixo vestindo e apertando a camisa.
Como furacão de quinze anos saí pelo portão dando-lhe a mão ao passar e correndo puxando por ela que gargalhava feliz,descemos a rua entrando na mata que nos conduziria até ao imenso prado onde o gado pastava calmamente.
No recanto aconchegado junto aos brejos e choupos que bordejavam o ribeiro sentamo-nos na enorme lage dependurada sobre a cachoeira endiabrada por onde a água desvairada corria e mergulhava os cinco metros até que em grandes salpicos acalmava e deslizava como cisne prateado por entre a verde relva.
De olhos focados no distante começamos a ver delineado por de trás das colinas e casario a enorme bola de fogo que lançando seus raios indiscriminados ia acordando a vida e num instante iluminou os céus na sua grandiosidade.
Olhei para a minha companheira que apertava forte com a sua mão a minha como se tivesse medo que eu partisse também seguindo outro sol.
Olhou-me com tal meiguice nuns olhos cheios de amor que me emocionou e nesse momento soube que esse erguer do sol trouxera uma nova era ao meu coração.
O amor sincero despontara dentro de mim pela primeira vez.

jorge d'alte 1.07.10

terça-feira, 29 de junho de 2010

Deuses por uma noite

No céu um risco de fogo atraiu os olhares!
Tudo seria banal se esse fogo não me tivesse atingido a alma atirando-me de bolandas para o tempo ido.
Foi num dia assim de fremente verão quando os corpos reclamam no solstício a ânsia do amor e as almas partem sonhadoras em busca desse doce néctar que tu apareceste na ponta do risco e encandeáste nesse imediato o meu coração com a tua alegre beleza.
Os olhares parados sorriram devagar alargando o reconhecimento que algo havia que os atraia e que naquele momento já não podia ser separado.
E assim a história começou, não com "era uma vez" mas com um singelo e mudo pedido que nascera no nosso olhar só porque a estrela cadente escrevera nesse sarrabisco os nossos nomes na imensidão do céu e os gravou com o seu fogo nos nossos corações incendiando-os e assim Jorge e....sofreram em paixão, viveram numa noite uma vida,de mãos dadas subiram ao olimpo onde foram deuses por uma noite.

jorge d'alte 29.06.10

domingo, 27 de junho de 2010

Último acampamento

O toque suave chegou.
O rouxinol que na árvore cantava levantou vôo deixando no ar uma última nota de protesto. Mas que interesava isso se o meu corpo agora coberto pelo calor do seu me mantinha desperto e concentrado nas palavras que ouvia.
Promessas de um amo-te, um gosto de ti, vamos ser felizes um dia e ter os nossos botõezinhos a darem-nos cabo da cabeça.
O seu rosto resplandecia de intensa felicidade, dando à madrugada caída uma luz surreal fazendo o meu coração ansiar perante tamanha beleza numa atmosfera inédita e diferente onde o papel principal era ela.
O seu dedo contornou o meu rosto deslizando com extrema suavidade até aos meus lábios num prazer desejoso e o beijo aconteceu num mudo querer aguardado enquanto os olhos fechados viam um sonho emocionado onde éramos apenas um e aí eu senti que as nossas asas batiam ao ritmo de um coração e juntos voámos na emoção, no desejo, na esperança na fé no belo que grassava dentro e se eternizava num langor sem fim.
As mão agora dadas percorriam o campo aberto e verde onde acampáramos e dirigiam-se para a pequena lagoa cavada na pedra dura.
Sentados com os pés na água desfiávamos na conversa coisas passadas e presentes com o olhar num horizonte onde residia a nossa felicidade...
Foi o nosso último acampamento.
Depois tudo se perdeu tudo deixou de fazer sentido, mas a felicidade essa não morreu, pois trago-a sempre comigo e no dia em que nos abraçarmos de novo e o rouxinol deixar a sua última nota de protesto recomeçaremos numa nova madrugada uma nova história para a nossa vida


jorge d'alte 27.06.10

sábado, 26 de junho de 2010

Nevoeiro da vida

Hoje parti à tua procura!
Rumei decidido ao teu encontro. Não era sonho era verdade. Entrei no nevoeiro que se cerrou em mim apertando-me com a força que só a natureza tem.
Parei atônito pois a luz ficara retida e como cego eu via a tua áurea brilhar recortando-te com beleza nas gotículas que entretanto bailavam na brisa.
Não escutei a tua voz, mas senti-a, não te pude beijar mas desejei, não te pude abraçar mas sonhei, quis-te alcançar mas não voei...
Na minha mente ferravam-me as eternas perguntas sem resposta.
Porque tiveste que partir?
Porque tiveste que testar o meu amor desta maneira?
Porque não esperaste para te despedires?
Ai dor minha como te amo, pois é a unica coisa que hoje tenho certa de ti.
A dama de negro levou-te naquele dia em que a minha pobre vida parou. O teu sorriso já não corre para mim as tuas palavras sussurradas leva-as o tempo deixando na minha alma um rasto de mágoa.
Apesar de tudo o que continuou para lá desta dor,guardo na minha alma como maior tesouro a tua recordação e fico esperando que cada ruga gravada no meu rosto seja mais um passo para o nosso reencontro.
Não tenho medo dessa valquiria negra, pois sei que te vou encontrar e então sim as nossas almas se unirão de vez e o espaço será curto para a nossa eternidade.
Até lá vou continuar no nevoeiro onde a realidade se transforma e onde tudo é possível desde que o coração sonhe desde que o coração queira.

jorge d'alte 26.96.10

quarta-feira, 23 de junho de 2010

è tempo de Verão


É tempo de verão!
Ontem estive num local sagrado, onde há muito tempo eu e os meus amigos nos juntávamos depois das aulas do Garcia de Orta.
É na praia do MOlhe nesse areal de pedra grossa junto às pedras milenares do tempo da formação da Terra.
Ai a amizade era pura como as águas dessa época onde nada manchava onde não havia a poluição de sentimentos que há hoje, onde os sentimentos eram chamados com a voz da nossa alma.
Amigos que vivem no coração e na saudade.
Muitos hoje vivem longe outros partiram, mas uma coisa ficou na memória tal como essas pedras antigas que ainda hoje nos cantam tempos passados " O amor da nossa amizade".


jorge d'Alte 23.06.10

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A voz


A voz batia à porta do meu sono, tentando entrar nos sonhos sem sentido que me assolavam.
Irritada a minha mente fremia com tamanha ousadia. Quem se julgava essa vozinha mimada, para entrar assim sem ser anunciada.
Arre que é chata!
A doçura entretanto deslizara tentando insinuar-se sensualmente em murmúrios tocados e a mente deixava-se pouco a pouco enredar-se nessa malha que tudo prende, onde fugir já não é opção onde a vontade já não é nossa onde a ternura faz estragos como um furacão.
Nos meus sonhos a voz tornou-se bela num corpo de mulher que agora me apertava num abraçar tirando-me os últimos laivos de rebeldia e fazendo-me definitivamente seu.
Pouco a pouco a emoção traçou no sonho seu rosto com o desvelo de um cultor.Fez-lo sorrir no seu alvor como madrugada húmida que me beijou deixando que as gotas do desejo escorrecem na lentidão, prolongando o momento até este arder numa suave combustão que irradiava serena e persistente alcançando aos poucos todo o meu ser.
A vozinha lá continuou dizendo palavras sem frases mas que elevavam esse fogo até ao olhar. A mágica tornou-se agora em corpo volupto que se enrolava no meu como trepadeira ousada erguendo-me até aos céus.
Aí o sonho transformava-se, era rio que me levava pelos escolhos dos sentidos, por entre quedas, ravinas até ao lago imenso e sentido onde a voz se transformava numa só palavra "amor"
A voz era mel atraindo os meus sentidos invadira os meus sonhos e agora que os olhos se abriram era saudade despida jazendo deitada ao meu lado.


jonel 18.06.10

domingo, 13 de junho de 2010

Porque me chamaste?

Porque me chamaste?
O sonho era lindo naquele dia de primavera. Os olhos fechados viam por entre nuvens esbranquiçadas as mãos dadas correndo ao sabor do vento levando nossos corpos em atropelos onde a alegria brilhava nos olhos e o gargalhar do sorriso era promessa culminada em beijos que chegavam como aquelas mansas ondas do mar. E como elas, trazia o sabor e o cheiro do nosso amor.
Sim eram dias ofuscantes onde a juventude era irreverência, era desprendimento era a força dessa vida.
Diz-me quanto tempo se passou?
Naqueles dias nunca nos passou pela cabeça que o nosso futuro eram só mais duas semanas.
Não nunca nos passou pela cabeça!
Onde estás agora?
Por favor o que é aquilo no canto dos teus olhos?
Deixa-me enxugar essas pérolas salgadas que rolam desses olhos cor de mar!
Abraça-me agora no meu sonho e deixa-me sentir o perfume do teu corpo, a tua pele tisnada como cetim dourado, o teu coração descompassado, a tua respiração apressada...tudo o que me foi retirado.
Porque me chamaste agora?
O vazio enche a minha alma. A dor e a tristeza mordem-me de vez enquando, mas a recordação vive na minha mente. Vejo-te como sempre bela e morena quente, com rosto de vinte anos, sem rugas, sem máculas, mas agora sem vida.
Estou quase a acordar, os meus olhos despertam no escuro escutando o teu apelo, envolto no meu sorriso.
Há quanto tempo já não sorria assim?
Agora sei porque me chamaste!


Jonel 13.07.10

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Tempos


Nestes anos idos recordo com saudade os tempos em que perdidos na nossa ânsia de vida nos divertíamos em grande sem recursos aos aparelhos de alta tecnologia.
O computador tinha dado os primeiros passos na mudança radical da nossa sociedade, mas sem internet. As musicas eram ouvidas ainda em rádios, gira-discos e gravadores, mas com tanta ou mais sofreguidão do que agora. A TV só tinha 3 canais e não havia tv por cabo. Assim nos cafés e esplanadas os jovens conviviam em conversas animadas questionando o dia a dia e avançando nos seus sonhos.
Um dos locais em que nos reuníamos era no clube de naval de Leça junto ao porto de Leixões. Aí fazíamos nós a festa desde sexta até final de sabado.
Assim comprávamos mantimentos divididos por todos e ali estávamos, conversando discutindo, cantando, amando, e dando azo à imaginação. Acendíamos a lareira da sala e aí à sua volta nos uníamos numa comunhão fraterna de enorme amizade.
Aprendi a cultivar este enorme sentimento, que o diálogo é motor de vida, que os sonhos nos levam a avançar que o amor é para ser vivido.
Foram sem dúvida momentos importantes da vida onde a palavra era força, era amizade era amor.

Jorge d'Alte 10.06.10

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Guerra


As balas assobiavam no ar e o estampido rompia os meus ouvidos. De vez enquanto um troar mais forte precedia o longo assobio e a bomba caia com um deflagrar tremendo tirando-nos o ar dos pulmões. As pernas corriam em Zigs-zags constantes tentando desviar-se do caminho do ferro bicudo que nos podia matar. No ar o cheiro a cordite era medonho e dos olhos escorriam lágrimas de tanto fumo tirando-nos a visão do medo e instigando-nos a andar para acabar mais depressa com o inimigo.
De repente rastejava no chão cru de terra e pedras tentando respirar e acalmar o coração. Os gritos dos feridos arrepelava-me a nuca e o suor misturava-se com o pó e o medo. Dos meus dedos saia o cantar constante da metralha e a alma sangrava por aqueles que poderia matar. De repente no chão um arfar chamou a minha atenção.Um corpo estendido estremecia espamódicamente com sangue a borbulhar de uma ferida que lhe enchia o peito já sem ar. Por cima de todo este estrondoso matraquear ouvi o ultimo estertor da vida que daquela alma se escapava.
Porquê meu Deus!
Que fizeste a estes jovens?
Porque tem a vida de ser assim?
E ali fiquei a olhar sem brilho nos olhos nem lágrimas para chorar.

jonel 7.06.10