domingo, 21 de outubro de 2012






Os nervos corriam desesperados com os ponteiros do relógio retardados...havia tempos que a alma esperava pela luz que lhe devolveria a paz, aquele alento que tanto a seduzia e aconchegava pois era sinónimo de fluir de sentimentos...e o minuto que deveria ser minuto teimava  ainda em ser apenas segundo, escavando em cada traço ultrapassado uma ruga de ansiedade no rosto tenso e a caminhada era lenta como lenta era a vida percorrida na vasta planície vivida varrida pelos ventos ululantes do agora atirando-a irremediavelmente para essa saudade do passado. A luz acendeu-se no ecrã - será desta? A mágoa percorreu-a gelando o sangue e as entranhas...ainda não fora desta. A lágrima sacudiu o seu corpo, teimosa e agressiva e tropeçou no canto do olho caindo desamparada na madeira da mesa fria. As mãos da alma apertaram aflitas a cabeça tombada na desolação e na desilusão sucumbindo na amargura...Quanto tempo ali ficara estarrecida? Os ponteiros aceleraram, gritou a mente e os dedos trémulos e sedentos de boas novas tocaram ternamente na tecla preta que neutra estava á sua frente.O ecrã escrevia-se:
- Olá! Desculpa cheguei atrasada mas já estou aqui amor! Já tenho as minhas asas...
Os dedos apressados embaraçaram-se comendo letras enquanto que que a alma pulava de contentamento soluçando a sua alegria escrevendo:
- ..lá! Já naooaguentava...ais! Mais tranquila prosseguiu - quando chegas minha luz?
- logo que a morte me levar!


Jorge d'Alte

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