quinta-feira, 6 de junho de 2024

UMA MEMÓRIA

 As pingas que pingavam a meus pés

não eram de chuva mas de lágrimas
cavavam na terra seca covas da minha tristeza
eram cristalinas de extrema pureza
pois a dor que me acometia de lés a lés
era profunda como laminas de esgrimas.
Sequei-as com memórias
dos tempos que eram passado
separei o trigo e o joio na alma
Milhentas e milhentas histórias
contei-as a mim mesmo com agrado
mas dos rostos há só um que me acalma.

Inventei-o um dia no meio do amor
quando sonhei acordado ao seu lado
uma vida longa sem demónios nem anjos.


Jorge d'Alte



domingo, 2 de junho de 2024

PORQUÊ?

 Os sombrios raios de sol 

retalhavam meu corpo
Estava sentado nessa luz de vida.
Nem por isso se movia 
retardado na nostalgia
melancólico nas memórias
afastando as saudades
porque não as queria.
Não as queria porque não havia vazio
havia sim esperança
por detrás das pálpebras cerradas.
Não aceitava novo sonho
onde se afogava em lágrimas
que não eram dele.
Eram de alguém que vivia na luz
que deixava as sombras 
por detrás do sorriso
que mordia seu nome na boca do beijo
brincava com o desejo como garota
gargalhava a alegria como eco do seu amor
e por amor me amava 
como nunca me senti amado.
Deslizara o seu perfume 
na areia rugosa de uma praia
entrara no mar que tinha o seu nome
um mar de loucura de ondas sentimentais.
Chamara por mim numa voz quente
promitente de mil promessas.
Com o sorriso agarrado ao rosto
acenei que ainda não.
Ali fiquei sentado
enquanto os sombrios raios de sol
retalhavam o meu corpo
sem tempo mas com esperança.


Jorge d'Alte