Os sombrios raios de sol
retalhavam meu corpo
Estava sentado nessa luz de vida.
Nem por isso se movia
retardado na nostalgia
melancólico nas memórias
afastando as saudades
porque não as queria.
Não as queria porque não havia vazio
havia sim esperança
por detrás das pálpebras cerradas.
Não aceitava novo sonho
onde se afogava em lágrimas
que não eram dele.
Eram de alguém que vivia na luz
que deixava as sombras
por detrás do sorriso
que mordia seu nome na boca do beijo
brincava com o desejo como garota
gargalhava a alegria como eco do seu amor
e por amor me amava
como nunca me senti amado.
Deslizara o seu perfume
na areia rugosa de uma praia
entrara no mar que tinha o seu nome
um mar de loucura de ondas sentimentais.
Chamara por mim numa voz quente
promitente de mil promessas.
Com o sorriso agarrado ao rosto
acenei que ainda não.
Ali fiquei sentado
enquanto os sombrios raios de sol
retalhavam o meu corpo
sem tempo mas com esperança.
Jorge d'Alte
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