quinta-feira, 10 de março de 2011

...Gota

... Gota!
A névoa cresceu fria queimando asperamente com seu toque insano. Cá dentro como lá fora os olhos não conseguem ver.É a dor fervente que se agita descendo em redemoinhos como tufão levando tudo de vencida e aí estou eu.
Cresci devagar no auge da emoção,no proscénio do olhar espreitei a medo e envergonhada fiquei ali parada no canto do olho.
De súbito num outro soluço solto-me e escorrego na loucura desta montanha russa e caio desamparada no meio do pó do caminho.
Ali perto outra gota me olha perdida. É a gota condensada presa na madrugada. Esta não rola está ali parada. Perdeu o seu rumo e está destinada a ficar ali presa até que o sol dos tempos a definhe e a mirre na amargura até ao seu âmago.
No entanto aquela ali que passa, foi a primeira gota, esperou na paciência e engrossou, foi pinga pinga cada vez mais sábia, fez outras suas amigas, juntas encetaram uma nova via, percorreram esses trilhos alcantilados, foram voz na ravina lutaram pelo mesmo ideal em busca do horizonte,foram riacho, ribeiro e rio e hoje rolam orgulhosas nesse mar que sonharam e construíram.


jorge d'alte

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