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domingo, 15 de dezembro de 2013
MADIBA
A cela confinava o corpo no abraço curto das paredes sujas pelas garras do tempo sem fim....
Sem fim eram também as correntes de dias e anos que por ali passavam num mundo sem horizonte nem céus, nem brisas nem cheiros das flores silvestres, ou dos dejetos dos bairros pobres e míseros das cidades.
Os passeios outrora dados nos campos abertos em tons de liberdade ou nas ruas citadinas, eram agora três para um lado e quatro para o outro, repetidos vezes conta, do segundo ao minuto, do minuto à hora , da hora ao dia. Pelo meio ficavam os livros devorados pela fome do saber, os momentos de reflexão que traziam o saber e o saciar da alma e os parcos fechar dos olhos onde a mente vagueava idealizando no sonho os traços seguros da realidade de um Dia o tal que gritaria Liberdade.
Os gritos e gargalhadas de criança dera lugar à Voz que não se calava que exigia e se levantava numa mole Negra que de braço erguido enfrentava o fuzile que matava sem dó nem piedade, escrevendo com sangue nas paredes nomes e nomes de valentes que ficaram na história como heróis e gritando mesmo para lá do tudo a palavra temida " Liberdade".....
Por isso ali ficou, ano após ano até serem contados vinte e sete....
Como é fácil contar até vinte e sete, diriam as crianças que como ele lutaram a punho para serem alguém um dia....sua Voz foi o canto do pássaro que despertou todo um povo, Brancos e Negros, que cantou uma história que não podia ser cantada e o medo Branco lívido como a morte aguilhoou essa Voz tornando-a como sua, muda e cativa e a cela foi dele por uma eternidade....Mas o seu carisma trespassava essas duras e grossas paredes e nos campos en as cidades a palavra Maldita para uns era o sonho de muitos mais....Liberdade gritavam as vozes cada vez mais roucas mas cada vez mais próximas.....
E o Dia chegou, em que a Voz da Razão se suplantou em inúmeras vozes dispersas por todo o Mundo, mas poderosas apertaram o governo Apartheid estrangulando-o a cada dia que passara e a porta se abriu e o céu regressou aos olhos e a brisa ao coração, e quando todos esperavam que essa brisa se tornasse furacão de raivas e fúrias incontidas, de vinganças ruminadas e merecidas, a Voz ordenou que as cores eram só uma, que o Perdão seria a arma da Vitoria e a Liberdade o elo de União e que estas duas unidas juntamente com o Negro e o Branco fariam um único Povo um novo País sob a bandeira do Arco Íris....
Tantos anos passados e a sua lição de vida foi apreendida nas cidades, correu as savanas e as florestas e voou como pássaro da esperança por todo o nosso mundo....
Olhos vergaram-se hoje na dor de todo um Povo de todo um Mundo onde a Voz era venerada como Luz da Sabedoria, do Amor e da Liberdade, aquele que escrevera mais uma das mais belas páginas da história universal.
Nas ruas o Povo chora dançando nos seu cânticos alegres, aquele a que Negros e Brancos unidos chamaram apenas de Madiba o Pai.
Jorge d'Alte
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