sexta-feira, 13 de julho de 2012


Os olhos brilhavam miudinhos na morna tarde caída ensombrando os montes e os vales que como bailarinos rodeavam a paisagem. Por ali numa esplanada acolhedora sob a verdura de uma ramada ornada de pingentes cachos o Eu remoía palavras que faziam sentido só quando os vapores da Cola com Rum começavam a fazer efeito. O choro de piegas caía segundo disseram, no coração chamando-lhe" âmago ". Que soubesse nunca tinha conhecido esse tal "âmago "mas que diferença fazia se ele estava vazio de todo. Evaporara-se nas agruras da vida ali para os lados da solidão que teimava em fazer companhia. As mãos secas e ásperas rodavam o copo meio cheio fazendo tilintar o gelo. As entranhas estavam assim como o gelo tilintando quando algo vinha à tona da mente trazendo alguma recordação mais quente...mas tudo não passava disso - recordações!


Os olhos embaciados ondulavam nas memórias indo como de ilha em ilha descobridores de mundos perdidos nos escolhos do tempo e a dor fustigava fundo tentando arrancar da escuridão a raiz desse vendaval que de repente assolava trazendo de uma só vez a realidade das coisas, a realidade de uma vida cheia que se viu privada da clarividência refugiando-se por detrás da demência alheada


jorge d'alte

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