terça-feira, 28 de maio de 2013







A noite batia negra nas vidraças da janela do quarto de Emília. Há quanto tempo rumava ali noite após noite, pois só na escuridão se consegue ver as estrelas. A brisa revolta em assomos de impaciência acariciava e revolteava os cabelos de Manuel espicaçando-o, tentando despertá-lo do pesadelo que o consumia.

Sinto tanto frio! Eu sofro tanto neste vazio que sinto cá dentro e no entanto compreendo o meu destino, pois vivi um amor como ninguém e tê-lo-ei de volta no fim dos dias, no começo da eternidade, embora sonhos ruins me consumam na noite, quando te desenho nas sombras e tu vives nos meus olhos num sonho acordado. Há muito que vaguei-o pela noite solitário, onde tudo é escuro, pelo menos deste lado…e tu, amor onde estás agora? Por mais que olhe e te procure no nosso céu, não te vejo e não te ouço, mas sinto-te embrulhada na saudade que me acomete cada vez mais espaçadamente…será isto o que me contaste no teu fim? Que o tempo te levaria na bruma e que quando ela desaparecesse outro rosto estaria ali à minha espera para me dar nesta vida a felicidade truncada que não me pudeste dar? Sinto tanto frio e a alma morre na míngua sem a tua seiva para me animar…Abre-me a tua janela amor! Deixa cair o teu sorriso sobre mim como raios dourados de amor; faz com que os meus olhos cansados e secos chorem a nossa alegria de novo…ou então deixa-me entrar por ela para te poder abraçar para sempre…


- Manuel! – Que fazes aí? – Vem para dentro…Chamou a sua mãe preocupada e com pontos brilhantes assomando aos seus olhos.

jorge d'alte

(enxerto do meu novo livro)

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