O horizonte caíra onde o sol o queimara no seu pôr......
A sombras da noite ameaçavam enquanto se infiltravam no que ainda há momentos fora luz.....
- não gosto do sabor da escuridão ....trago amargo que azeda a alma e invoca a tristeza

- mas também trás as estrelas e a magia dos mistérios insondáveis ...
- Gosto da Lua e do luar e do seu apelo ..... estremeci sentindo como onda o desejo e a paixão como vulcão explodindo cá dentro ....
- eu gosto de me deitar da areia morna  cheirando a maresia das palavras revoltas, escritas na espuma da onda que se foi ... espuma de luxuria num corpo fremente quando te sinto pairando sobre mim..... gosto dessas mãos de algas salgadas, sargaço que vem à  tona como fúria desejosa na minha pele....
- Gosto de cair nesse abismo onde as asas não voam onde o silencio é gemido, onde as lágrimas são chuva de suores estimulantes de vida..... gosto de sentir esse desejo de feromonas fervente,  como lava ardente escorrendo de mansinho dessa cratera aberta e púbica ....
- sinto este corpo entumecido de seios duros de prazer, Gosto desses lábios que beijam e sugam o necter destes mamilos e descem lânguidos e húmidos até onde as pernas de desejo se abriram como flor na madrugada, aquecida pelos primeiros raios da aurora.....
- Um mundo só para nós em momentos únicos, feito de ravinas e abismos onde o meu rio se espraia sequioso, ora meigo e calmo, ora tumultuoso e desvairado até à quietude satisfeita e plena nesse mar de espuma e sal que és tu.....
- os meus olhos fecharam-se absorvendo esse pedaço que és tu, fluindo por esse universo de paixão e amor, colhendo cada gesto, cada momento, cada gemido, guardando tudo isto para esse momento final onde parto para nenhures......
O sol subia penoso até ao céu, saído por detrás da montanha sombreada em tons de cinza.
Na areia macilenta e húmida, pegadas antes unidas, partiam marcadas em sentidos opostos.....








O mar rugiu salpicando o ar onde o amor existira num momento tão ínfimo como grão do universo. Lançou a onda estendendo-a como toalha, e recolheu-se silenciosa colhendo esses passos marcados e perdidos para sempre, onde os corpos se tinham abraçado e os corações  despedido......


jorge d'alte