sábado, 18 de maio de 2013













- Desculpa mas não consigo conter-me…mas eu estou aqui contigo e só por ti meu amor…só não consigo compreender tudo isto que nos aconteceu…foi tão diabolicamente rápido…
- Há doenças que quando se manifestam ou damos por elas já não têm remédio nem cura. Tentei lutar contra ela por ti meu Manuel, mas ela é mais forte do que eu e sugou-me quase toda a minha vida deixando apenas este farrapo, mas consegui travá-la até há tua chegada. Queria voltar a ver-te, sentir-te…despedir-me de ti e partir com a imagem do teu rosto e o calor da pessoa linda que és…amo-te muito, como nunca pude imaginar ser possível…todo este tempo juntos foi como viver num casulo cheio de felicidade, onde eu e tu nos completamos como um único ser, um grão de poeira neste universo do sentir e o nosso amor foi grande e transcendente quase a perfeição… sabes, tenho uma última vontade a pedir-te? - Escuta bem o que te vou dizer agora - eu sei que há alguém que te ama muito para além de mim… promete-me Manuel, que quando estiveres preparado e a conseguires descobrir, tudo farás para a fazer feliz e seres feliz também. Onde eu estiver velarei por ti e esfumar-me-ei na altura devida para te dar um novo espaço…um dia quando a altura chegar voltaremos a estar juntos, prometo-te! … Gostaria que um dia quando a luz também se apagar nos teus olhos, queimassem os nossos ossos e misturassem as nossas cinzas… agora beija-me rápido…
Manuel foi arrancado do seu torpor pelas palavras ansiosas e aflitas de Emília e debruçando-se sobre ela, encontrou os seus lábios arroxeados abertos para ele. Durante uns minutos sentiu uma força devoradora que encheu a sua alma de uma paz inigualável, enquanto as mãos se apertavam como num último espasmo de força e de vida. Sentiu de súbito o aperto afrouxar e o seu nome ser pronunciado num último alento, como brisa de vento que passa, nos refresca e não volta mais – Manuelllll!
Soubera nesse momento que tudo tinha acabado. Sonhos e sonhos ruíram como castelos de areia. Emília partira e gritou alto o desespero que lhe ia na alma; toda a sua frustração, toda a sua ira e raiva, virado para o crucifixo que havia na parede por cima da cama onde jazia a sua amada. Depois almas caridosas entraram de rompante e levaram-no para a salinha onde o sentaram num pequeno sofá. Encontrou ali os seus amigos que o rodearam abraçando-o em silêncio. 


Exerto do meu novo livro........

jorge d'alte

Sem comentários:

Enviar um comentário