terça-feira, 17 de dezembro de 2024

O ABSURDO E A ESPERA

O absurdo estava ali
Alguém sentado esperava.
Porque esperava alguém
num dia chocho
num dia chuvoso
num céu sem
não havia nada nele
nem o nome daqueles que partiram
nem a gloriosa Lua.
Estaria? O coração batia
a morte nada brindara.
A espera esperada era por quem?
Era porquê?
O quem viria nas sombras 
sem rosto para ele nem sorrisos
era a ansiedade a sua espera
descobrir nos folhados  dos sonhos 
uns lábios uma boca
depositar neles algo em troca.
Havia mil ventos e uma pinga-pinga
enchia o copo devagar
o inebrio calmava a calma.
Alguém sentado esperava
chegou o porquê nos olhos vagos.
Sentiu as lágrimas antes do choro
Apertou as mão num grito morto
morrer, por amor era muita dor
era não ter, era o desfibrilar do seu corpo
Contorceu no inconformismo
levantou-se
a madrugada acolhera
deixara o frio ali morto na espera.


Jorge d'Alte

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