sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

ACREDITAR

 Fui a uma loja de sonhos

deram-me em novelos
no desfiar havia só pesadelos
de saudade de olhos tristonhos.
Procurei onde estava a felicidade
vasculhei, veias, memórias, sorrisos
em sentires misos.
não a encontrei por ali na minha voracidade.
Caí
como o tronco cai
retumbante sem retorno
fiz desse desterro o meu trono.
Era soturno e sombrio esse lugar 
a luz fugia antes de a agarrar.
Lembrei-me da lua
essa personagem sempre nua
diziam que era dos amantes
lembrei-me que já amara há uns instantes.
Fora num tempo louco desgarrado
senti que o amor estava no coração
sempre estivera lá ardente como furacão
senti a felicidade nesse corpo amarrado.
Depois foi madrugar os olhos
sentir o mundo fervilhar sem escolhos
sentir o mundo palpitar
lembrei-me de lábios para beijar
de sorrisos
dos risos
lembrei-me como se viver
era  sempre andar e aprender
por isso andei
em algum instante acreditei.


Jorge d'Alte
   






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