sábado, 29 de maio de 2021

A HORA

 A barca negra espera
no cais da morte.
A alma singela em passinhos curtos.
- Não entro!
- Quero o metro porque enjoo.
Enfiam-lhe asas – voa!
O corvo negro saltita não de contentamento.
Aflito!
- Só voo na TAP!
No rés-do-chão a sombra negra abre a porta
do elevador. (nervoso)
Olhos procuram ver…
- Ainda não fez a revisão! Não entro, não!
- Posso morrer!
Negra sombra ainda mais negra, (desesperada)
caminha desgastada degrau a degrau.
….A luzinha alva brilha lá muito em cima.
- Falta muito para lá chegar?
Abre a bolsinha, tira o big mac
procura a bebida para empurrar…
…Santa paciência! O negro desdita.
Ergue para cima as covas do olhar
pega no telemóvel suplicante: - Meu Deus!
- Posso deixá-la ficar?


Jorge d'Alte

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