quarta-feira, 14 de abril de 2021

E VIVO

Vou em busca do vento para lhe tocar no olhar
Sem toques de afagar que posso eu fazer?
Corro nos pastos como cão em busca das palavras
Tenho-as cá dentro mas não as sei pronunciar
Colho as flores abertas como aberto é o sorriso dela
Colorido e atraente com os seus dentes alvos
Sorriso que me quis quando mais dele precisei
Sorriso que me enfeitiça, castiga e engana
Pois não era mais do que uma miragem num espelho de água
Corro prantos na noite deslavada
Sem sombras dela nem murmúrios no luar
Amo-a como minha, mesmo quando a vejo no colo dele
Porque não me consigo desligar?
Porque me vergo assim?
E de memória em memória me enraízo
Parte de mim crucia-me
Parte de mim secou
E quando a vejo passar de cabelo ao vento
Ai meu olhar de lágrimas vãs, e desperdiçadas
Estugo meus passos na sombra dela 
Sinto as fragrâncias evoladas na brisa 
Inspiro e vivo.

Jorge d'alte


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