segunda-feira, 26 de abril de 2021

EMIGRANTES

 Eram tempos de antanho

Sem futuro e descalços pés

Onde a fome era do camanho
E crianças comiam papas com vinho rés.
Adormeciam no frio embalados na pobreza
Partiam por trilhos fugindo da lei
Na escuridão da noite depois da reza
Pedindo a Deus proteção pela sua grei.
Labutam messas cidades de pecados
Por dez reis mel coado
Matam a fome em parcos bocados
Reza para ser perdoado.
Depois juntam esses trapinhos
E voltam passados uns anos
A sua vida de espinhos
Muda como água caindo dos canos
Deixando no saquito o cêntimo.
Um a um enche a galinha o papo
Mas a saudade vence o seu intimo
E chegam orgulhosos no seu, "boca de sapo".


Jorge d'Alte

Sem comentários:

Enviar um comentário